Farinha do mesmo saco

Manuel Rodrigues

O PS divulgou não há muito tempo as grandes linhas macroeconómicas para o programa eleitoral, primeiro episódio de uma série em torno do assunto, que culminou com a convenção da semana passada com final, curiosamente, a coincidir com a marcha nacional «A força do povo», todos à rua por um Portugal com futuro, que a CDU levou ao centro de Lisboa. E, sobretudo, para desviar as atenções desta grandiosa iniciativa.

O PSD/CDS, para não ficar para trás, apresentou também na semana passada (quarta-feira), as linhas gerais e a carta de garantias que vão dar origem ao programa eleitoral.

Em ambos os casos, a comunicação social dominante tudo fez para garantir a conveniente projecção mediática. Em ambos os casos, nem uma palavra, nem uma ideia, nem uma medida que ponham em causa o processo de integração capitalista europeu que, como se vai tornando claro para um número cada vez maior de portugueses, favorece a concentração de capital e de condicionamento político nas mãos de um pequeno directório de países, atacando, em simultâneo, os interesses de países como Portugal. Em ambos os casos, nem uma palavra sobre o euro, a renegociação da dívida, as questões da soberania.

Analisadas algumas das propostas em concreto, fica clara a identidade de objectivos nas questões essenciais, a mostrar que PS, PSD e CDS se preparam para prosseguir a política de direita.

Salários: PSD/CDS promete devolução de 20 por cento ao ano dos salários dos trabalhadores da Administração Pública durante quatro anos; o PS propõe o mesmo objectivo em dois anos.

Sobretaxa de IRS: PSD/CDS promete reduzi-la até à extinção em quatro anos; o PS em dois.

Pensões: o PSD/CDS propõe um corte de 600 milhões de euros em quatro anos; o PS propõe o congelamento das pensões por quatro anos, o que conduz à sua desvalorização em mais de 900 milhões de euros.

Reposição dos feriados roubados: em ambos os casos, nem uma palavra.

É caso para dizer: não passam de farinha do mesmo saco, o saco da política de direita.

A diferença está na CDU, essa sim com soluções para o País e para uma vida melhor. Soluções para um Portugal com futuro.

 



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