Guerra na Ucrânia

Fascismo à solta

A junta golpista de Kiev está a agudizar a campanha anticomunista e reúne forças para uma nova vaga de violência no Leste do país, onde a trégua acordada em Minsk é cada vez mais frágil.

Instrutores norte-americanos iniciaram o treino da Guarda Nacional

A nomeação, segunda-feira, 6, do nazi-fascista Dmitry Yaroch para conselheiro das forças armadas é um claro e preocupante sinal do carácter e planos do poder instalado pelo imperialismo na Ucrânia. O líder do Pravy Sector, força paramilitar que serviu de unidade de choque no derrube do presidente e governo ucranianos, em Fevereiro de 2014, nunca escondeu o propósito de afogar em sangue a insurreição antigolpista no Leste do país e esmagar as populações russófonas. Na cerimónia de formalização para o novo cargo, simbolicamente agendada para o primeiro aniversário da tomada da cidade de Donetsk pelas milícias antifascistas, voltou a referir-se a esse objectivo apelando à «unidade contra o inimigo».

Criminoso procurado pela Interpol, Yarosh terá como principal missão «a integração de batalhões de voluntários» no exército, declarou, antes de informar que estes são já treinados «segundo os padrões da NATO». E assim deve continuar, uma vez que instrutores norte-americanos iniciaram, em meados de Março, na Ucrânia, o treino do primeiro contingente da Guarda Nacional, corpo militarizado que acolhe as hordas de combate nazi-fascistas, entre as quais o Pravy Sector.

Tudo isto ocorre quando a Leste os responsáveis das denominadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk anunciaram a suspensão da troca de prisioneiros devido à demora de Kiev em constituir os grupos de trabalho para aplicar os acordos de Minsk. Acrescem as constantes violações do cessar-fogo com um saldo de dezenas de mortos de ambas as partes. No total, acusou o porta-voz da República Popular de Donetsk, Kiev violou, no mês passado, 800 vezes a trégua estabelecida a 12 de Fevereiro na capital da Bielorrússia. A maioria das operações foram realizadas pelo Pravy Sector.

Paralelamente, agrava-se a perseguição aos comunistas e ao comunismo no país. No final do mês de Março, o Partido Comunista da Ucrânia (PCU) denunciou a prisão do chefe de redacção Alexander Bondarchuk, acusado de ataque indirecto à integridade territorial da Ucrânia. O PCU considerou a detenção «um crime do regime, uma flagrante violação dos direitos e liberdades fundamentais», e «um novo elo na cadeia de repressão e perseguição de dissidentes, dos partidários da paz e defensores dos pobres e oprimidos».

Já esta segunda-feira, o ministro da Justiça Pavel Petrenko reiterou que, antes do próximo dia 9 de Maio, quando se assinala o 70.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo, o parlamento ucraniano aprovará um pacote legislativo para banir os símbolos e a ideologia comunista.




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