Crise e desemprego
Um estudo apresentado numa conferência do GUE/NGL, realizada, dia 5, em Bruxelas, revela que o acordo de livre comércio com os EUA terá impactos nefastos para os povos.
TTIP acentuará as pressões sobre o emprego e salários
A concretizar-se o chamado Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), 600 mil empregos serão destruídos numa década, 90 mil dos quais nos países do Sul. O PIB cairá dois por cento no Norte da Europa e o poder de compra será reduzido entre três mil e 5500 euros por ano, por trabalhador.
Estas são algumas das projecções que constam num estudo realizado pelo economista norte-americano, Jeronim Capaldo, da Universidade de Tufts, em Boston, e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O trabalho, apresentado numa iniciativa do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), refuta os argumentos apresentados pela Comissão Europeia (CE), que tem vindo a negociar secretamente o acordo.
A CE tem apregoado todo o tipo de efeitos benéficos: aumento das exportações de 28 por cento e criação de centenas de milhares de postos de trabalho nos diferentes países.
Todavia, segundo Capaldo, o TTIP «diminuirá a capacidade económica das famílias e, por conseguinte, o consumo e as receitas dos estados, o que poderá provocar a expansão da dívida».
O economista mostra-se céptico em relação às previsões do estudo oficial, elaborado em 2013 pelo Centro de Investigação de Políticas Económicas de Londres e financiado pelos bancos centrais de diversos países europeus.
As previsões oficiais, afirma, pressupõem que a economia irá ter um comportamento ideal, e ignoram que existe na Europa um desemprego persistente e que os trabalhadores têm perdido poder de compra, devido à evolução negativa dos salários.
O TTIP aumentará as pressões competitivas sobre os países da UE, o que terá consequências no mercado de trabalho, acentuando a tendência para a redução dos custos do trabalho.
Transferências para o capital
Nas novas condições haverá uma transferência dos rendimentos do trabalho para os lucros do capital, que poderá representar oito por cento do PIB na França, sete por cento no Reino Unido e quatro por cento na Alemanha e Norte da Europa.
Ao mesmo tempo, o estudo prevê que o TTIP conduzirá à destruição de 223 mil postos de trabalho nos países do Norte da Europa, de 134 mil na Alemanha e de 130 mil na França, que serão as economias mais afectadas.
A França sofrerá a maior redução do poder de compra (5500 euros por trabalhador e por ano), seguindo-se os países do Norte da Europa (4800 euros), o Reino Unido (4200) e a Alemanha (3400 euros).
Deste modo, conclui o economista, o acordo irá exacerbar e não resolver os problemas económicos dos países da União Europeia.