70 anos da libertação de Auschwitz

Nazifascismo nunca mais

Assinalou-se anteontem, 27, os 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau pelo Exército Vermelho da URSS.

«É preciso actuar, não só recordar»

Na cerimónia realizada no antigo campo de extermínio nazi, situado a 60 quilómetros de Cracóvia, na Polónia, estiveram representantes de meia centena de países, entre os quais Portugal, e cerca de 300 sobreviventes. Em três anos, cerca de 1,1 milhão de seres humanos foram ali liquidados, a maioria judeus, mas também comunistas, democratas e progressistas que resistiram ao nazifascismo, ciganos e deficientes.

Esta terá sido uma das últimas oportunidades para reunir ex-presos de nacionalidades diversas, levados para Auschwitz-Birkenau para servirem de mão-de-obra escrava e/ou serem executados nas câmaras de gás. Alguns deles testemunharam na cerimónia o horror ali vivido, a estupefacção por terem sobrevivido a condições infra-humanas e a todo o tipo de atrocidades, e a persistência da memória do período passado em Auschwitz que, independentemente do tempo de cativeiro, é sempre uma eternidade, expressou o sobrevivente Roman Kent.

A existência de campos de concentração e extermínio como o de Auschwitz-Birkenau mostra que «temos de lutar» contra a possibilidade de reimposição de um tal mal no mundo, expressou a sobrevivente polaca Halina Birenbaum. «É preciso actuar, não só recordar», acrescentou ainda Roman Kent, antes da intervenção de um sobrevivente não-judeu, Kazimierz Albin, enviado para Auschwitz por colaborar com a resistência polaca.

Apesar de não estar presente na cerimónia, o presidente russo Vladimir Putin lembrou que «o fim da monstruosidade e da barbárie implacável nazi foi determinado pelo Exército Vermelho, que salvou do extermínio não só judeus, mas também outros povos da Europa e do mundo». Putin manifestou-se, também, contra a «inaceitável tentativa de reescrever a História».

Para que nunca mais aconteça

Construído em 1940, o campo de Auschwitz-Birkenau foi um dos principais locais de extermínio nazi após a implementação da «solução final», em 1942. A 27 de Janeiro de 1945, as tropas da União Soviética, que desencadeavam uma ofensiva imparável de expulsão das hordas hitlerianas do Leste e do centro da Europa, libertaram o campo. Cerca de sete mil prisioneiros ainda ali se encontravam. Os demais, embora fossem igualmente só pele e osso, foram levados pelos nazis naquela que ficou conhecida como «a marcha da morte». Em 1947, foi aberto um museu no local. Os restos do campo de concentração e extermínio que os nazifascistas não destruíram são, desde então, Património da Humanidade.

Em Portugal, a URAP e o CPPC assinalaram no próprio dia 27 a libertação do campo de Auschwitz pelo Exército Vermelho com a edição de dois comunicados. A organização antifascista, fazendo uma breve resenha história da máquina de morte nazi e da sua libertação, informa que participará uma vez mais, em Maio, no «comboio dos 1000», iniciativa organizada pela Federação Internacional de Resistentes, o Instituto de Veteranos da Bélgica e a Fundação de Auschwitz, na qual se levará mil jovens europeus ao campo. Destes, estima-se, 50 serão portugueses.

No comunicado do CPPC, recorda-se «todas as vítimas da barbárie nazifascista» e denuncia-se a «imposição de políticas de exploração e de guerra, que condenam os povos à pobreza e à fome». Estas são precisamente as mesmas que «geram, alimentam e apoiam abertamente forças racistas e xenófobas, como instrumentos de desestabilização e ingerência, de que são exemplos as agressões aos povos da Palestina, da Síria, do Iraque ou da Ucrânia».

 



Mais artigos de: Internacional

Combates em toda a linha

As autoridades antigolpistas do Donbass respondem à intensificação da campanha militar de Kiev com uma contra-ofensiva destinada a repelir o assédio de Kiev no Leste do país.

<i>WikiLeaks</i> quer explicações

Informado quase três anos após o cumprimento do mandato judicial, o portal fundado por Julian Assange pretende que a Google esclareça cabalmente a entrega às autoridades norte-americanas de conteúdos privados de três dos seus jornalistas associados.

XIV Congresso do PAICV

Sob o lema «Rumo Ao Futuro – Cabo Verde Nosso Compromisso» realizou-se no passado fim-de-semana na Cidade da Praia o XIV Congresso do PAICV. Durante dois dias, os cerca de quinhentos delegados ao Congresso discutiram as linhas de orientação para responder aos problemas e desafios do...

Terceiro mandato<br>de Morales na Bolívia

Evo Morales foi de novo empossado na chefia do Estado plurinacional da Bolívia. O actual mandato do presidente termina em 2020 e decorre da vitória eleitoral alcançada por Morales e pelo Movimento para o Socialismo em Outubro do ano passado, quando obtiveram mais de 61 por cento dos votos e triunfos...

Frelimo continua<br>a trabalhar pela paz

Em Moçambique, a Frelimo prossegue a luta pela paz e por mais desenvolvimento e procura ultrapassar obstáculos que ameaçam a tranquilidade no país. O vencedor das eleições presidenciais de 15 de Outubro, Filipe Nyusi, candidato da Frelimo, foi...

Sanções com bumerangue

Tudo indica que os EUA nada aprenderam com as experiências desastrosas na Líbia, no Iraque e no Afeganistão, só para mencionar algumas «aventuras» recentes, e parecem apostar num conflito com a Rússia e de passagem arrastar a UE para o mesmo. Contudo, a Rússia de hoje...