Em 2015 a luta continua
Há cerca de duas semanas, o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Centro e o Sindicato dos Médicos da Zona Centro organizaram uma acção de luta contra a privatização do Hospital Público de Cantanhede, Arcebispo João Crisóstomo.
PS, PSD e CDS querem transformar direitos em negócios privados
Nos meses que antecederam esta acção, utentes deste hospital e activistas do MUSP percorreram o concelho, contactaram com milhares de pessoas e recolheram mais de cinco mil assinaturas defendendo a manutenção deste equipamento na esfera pública, que abrange uma população de cerca de 60 mil utentes no período normal e cerca de oitenta mil na época de Verão, numa clara demonstração da vontade das pessoas em defender o hospital público, integrado no Serviço Nacional de Saúde.
O PSD e o CDS dizem que a passagem do hospital para a Misericórdia não é uma privatização: o secretário de Estado Adjunto da Saúde do Governo do PSD/CDS, Fernando Leal Costa, afirma que não se trata de privatizar o hospital, mas da cedência da sua gestão a privados (!!!). O PS, ainda com Correia de Campos, encerrou as urgências e tinha como plano a passagem da gestão para a Câmara Municipal. Ou seja, todos os partidos da política de direita defendem a mesma coisa, a retirada desta unidade de saúde do âmbito do Serviço Nacional de Saúde: um para a Misericórdia, o outro para a Câmara.
O Governo PSD/CDS continuou esta política e, com a portaria nº. 82/2014, de 10 de Abril, excluiu, à socapa, o Hospital de Cantanhede da relação da rede dos hospitais públicos nacionais, deixando claro o desejo de privatizá-lo. O Estado investiu nas instalações do hospital, de uma só vez, cerca de 3,7 milhões de euros de modo a preparar os lucros privados.
Há um mês, militantes do PCP contactaram porta-a-porta com a população da freguesia de Castelo Viegas/Coimbra, denunciando a redução de médicos na extensão de saúde. A extensão de saúde de Marco dos Pereiros perdeu um médico e todos os utentes deste médico, que não foi substituído, passaram para a Unidade de Saúde Familiar de Santa Clara. Isto trará inconvenientes, em especial no que diz respeito às deslocações dos utentes e, em particular, dos mais idosos. Já em 2011 se falou em transformações no Centro de Saúde e na saída de um médico, mas a pronta intervenção da Junta de Freguesia, da CDU, obrigou o Governo e a ARS Centro a recuar na sua posição e a comprometer-se a manter não só o mesmo tipo de gestão, como a garantir o mesmo número de médicos.
No contacto com a população, os militantes do PCP denunciaram que a passagem de utentes para a Unidade de Saúde Familiar (USF) não é inocente. As USF são o primeiro passo para a privatização dos cuidados de saúde, pois já prevêem a gestão privada. A privatização da saúde significa menos acessibilidade, mais encargos para os utentes e menor qualidade. Talvez por isso, o Governo PSD/CDS, por via da Administração Regional de Saúde do Centro, escudou-se num obscuro silêncio para alterar a gestão do centro de saúde e passar mais utentes para a unidade de saúde familiar (USF).
Prosseguir a luta
Há uma semana, uma delegação da Concelhia de Oliveira do Hospital, com o deputado do PCP ao Parlamento Europeu, Miguel Viegas, realizou uma série de encontros e visitas em Oliveira do Hospital e contactou com utentes do Centro de Saúde. Aí pôde constatar a enorme preocupação sobre o futuro daquela unidade de saúde, quer pela falta de médicos quer pela possibilidade de transferir o serviço de atendimento nocturno do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital para a Fundação Aurélio Amaro Diniz. O Hospital da Fundação não faz parte do Serviço Nacional de Saúde. O PCP transmitiu que a única forma de salvaguardar os cuidados de saúde para todos é manter os serviços públicos de saúde.
Estes são três exemplos, de entre muitos outros, do plano que PSD e CDS, mas também o PS, têm para o Serviço Nacional de Saúde e para os serviços públicos em geral – degradar, reduzir os recursos humanos, encerrar extensões de saúde, privar a população de médicos de família. Começando sempre por atacar os profissionais, atacando os seus postos de trabalho, os seus direitos e a sua dignidade, potenciando o trabalho precário e desestruturando as suas carreiras.
Estes também são três exemplos de acção e luta assente no contacto directo com os trabalhadores e as populações e com os seus problemas, denunciando os objectivos da política de direita e combatendo os seus conteúdos. São exemplos como estes que têm contribuído para o isolamento social e político do Governo. São três exemplos de trabalho dos comunistas em ligação com as massas.
O Comité Central apelou, na sua última reunião, ao prosseguimento da acção nacional centrada na afirmação da política patriótica e de esquerda «A força do povo por um Portugal com futuro», uma acção integrada e articulada com a intervenção e luta pela derrota do Governo e a ruptura com a política de direita, identificada na afirmação dos direitos e na elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, no desenvolvimento económico e social e na afirmação da soberania e independência nacionais, elementos essenciais à solução dos problemas do País. Apelou ainda à continuidade da intervenção para dinamizar, diversificar e ampliar a luta dos trabalhadores e das populações e ao reforço o Partido.
Em 2015, ano novo, a luta continua!