Negociações de paz suspensas
O presidente colombiano Juan Manuel Santos decidiu suspender as negociações de paz a decorrer em Havana até ao esclarecimento do alegado sequestro do general Rubén Darío Alzate pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP).
A decisão apanhou de surpresa os membros da equipa negociadora das FARC-EP, que esperavam o recomeço das conversações esta segunda-feira.
«O processo de paz, cujos avanços fez renascer a esperança da reconciliação, não pode ser posto em causa com decisões impulsivas», afirma-se num comunicado do grupo guerrilheiro divulgado por Pastor Alape em conferência de imprensa realizada anteontem, 18, na capital cubana.
Falando aos jornalistas na sede que desde Novembro de 2012 tem acolhido as negociações de paz, Alape garantiu, segundo informa a Prensa Latina, que as FARC-EP desejam que «este impasse seja ultrapassado o mais depressa possível para que o processo continue a avançar sem sobressaltos até ao acordo final».
Fazendo notar que o facto de o diálogo ocorrer enquanto prosseguem os confrontos se revela cada vez mais insensato, Alape sublinhou a contradição de a decisão de suspender as negociações ser tomada justamente pelo mesmo governo que rejeitou, liminarmente, a possibilidade de o processo de paz decorrer no meio de uma trégua ou armistício que ajudasse a baixar a intensidade do conflito.
Esperando que o governo colombiano ponha fim às suas próprias contradições, os negociadores das FARC-EP anunciaram que vão continuar em Havana disponíveis para prosseguir o diálogo, cumprindo o constante no Acordo Geral de Havana, que estabelece que as «conversações serão directas e ininterruptas».
Recorda-se que as conversações já levaram a consensos em temas como a reforma agrária (Maio de 2013), a participação política das FARC-EP (Novembro de 2013) e as drogas ilícitas (Maio de 2014).
Segundo o próprio presidente colombiano, o general Rubén Darío Alzate desapareceu no domingo quando se deslocava – vestido à civil – com alguns acompanhantes na chamada zona vermelha, o que constitui uma violação grosseira dos protocolos de segurança.