Na crónica internacional do Avante! de 9 de Outubro sobre as eleições presidenciais no Brasil e na Bolívia, o camarada Albano Nunes afirmava: «Um processo que a reacção brasileira e o imperialismo norte-americano não desistem de tentar reverter, o que sem dúvida abriria caminho ao relançamento de uma ofensiva frontal contra os processos revolucionários e progressistas em curso na América Latina e Caraíbas, como é o caso da Bolívia onde se realizarão eleições no próximo domingo, eleições de que a imprensa internacional nada diz pois nelas se anuncia mais uma vitória de Evo Morales e do MAS».

Cumprindo-se o calendário, teve lugar, a 5 de Outubro, a 1.ª volta das eleições no Brasil e, passada uma semana, o mesmo se passou na Bolívia. Eleições separadas no tempo por escassos sete dias, mas, no tratamento pela imprensa internacional, por um caudaloso rio de tinta. Sobre as eleições no Brasil, «choveram» os comentários, reportagens, análises, entrevistas, sondagens, especulações num irreprimível alinhamento com o candidato da direita e num esforço indecoroso para o catapultar para a linha da frente na disputa eleitoral, com 2.ª volta marcada para o dia 26.

Das segundas, na Bolívia, onde Evo Morales e o MAS (Movimento para o Socialismo) obtiveram uma vitória expressiva (eleito à 1.ª volta com 61 por cento dos votos e o MAS com 80 dos 130 lugares no Parlamento Nacional e 25 dos 36 senadores), nada ou quase nada se disse. O império, assustado, mandou silenciar.

Mas há silêncios que valem mais do que mil palavras. E o silêncio sobre a Bolívia é tão significativo como as mil palavras sobre o Brasil. Como diz o povo, «são farinha do mesmo saco» ou, se quisermos, faces da mesma moeda da desinformação e condicionamento de consciências ao serviço da ideologia dominante. Não sabemos o que vai acontecer no Brasil, no próximo domingo, onde Dilma Rousseff tem que enfrentar uma máquina tenebrosa de desinformação e propaganda. Na Bolívia, abriu-se nova alameda para o futuro. Um bom augúrio para o Brasil, para a América Latina e para o mundo.

Quer na previsão do resultado das eleições na Bolívia quer no seu silenciamento pela imprensa internacional, o Avante! acertou.