Batalhas e vitórias na ONU

Ângelo Alves

Decorrem em Nova Iorque os tra­ba­lhos da As­sem­bleia Geral das Na­ções Unidas, con­cluída que está a sua sessão de De­bate Geral. No dia 16 de Ou­tubro pro­cedeu-se à eleição de cinco dos dez mem­bros não per­ma­nentes do Con­selho de Se­gu­rança. In­de­pen­den­te­mente do grau de ins­tru­men­ta­li­zação a que está su­jeita a ONU e em par­ti­cular o seu Con­selho de Se­gu­rança, esta eleição não deixa de ter um grande sig­ni­fi­cado po­lí­tico pois es­pelha a evo­lução do pro­cesso de re­ar­ru­mação de forças no plano mun­dial.

Dos cinco es­tados eleitos (An­gola, Es­panha, Ma­lásia, Nova Ze­lândia e Ve­ne­zuela) res­salta como ele­mento de grande im­por­tância po­lí­tica a eleição da Ve­ne­zuela, tão mais em­ble­má­tica quanto o cargo será as­su­mido por María Ga­briela Chávez, filha do fa­le­cido pre­si­dente Hugo Chávez. Dos 193 es­tados re­pre­sen­tados, 181 vo­taram fa­vo­ra­vel­mente, à pri­meira ronda de vo­tação, a can­di­da­tura da Ve­ne­zuela. É im­por­tante re­cordar que a úl­tima vez que a Ve­ne­zuela se can­di­datou ao cargo foi em 2006 e foi der­ro­tada após a 47.ª ronda de vo­tação, em com­pe­tição com a Gua­te­mala. O as­sento acabou por ser atri­buído ao Pa­namá.

Que ila­ções se podem re­tirar desta eleição? Es­sen­ci­al­mente três. A pri­meira é a uni­dade la­tino-ame­ri­cana. A eleição da Ve­ne­zuela tornou-se «fácil» uma vez que o bloco re­gi­onal apre­sentou por una­ni­mi­dade esta única can­di­da­tura. Uma uni­dade tão forte que muitos es­tados membro ali­ados dos EUA se terão visto obri­gados a votar a favor. A se­gunda é que esta vo­tação reduz à sua real di­mensão a brutal cam­panha de de­ses­ta­bi­li­zação e de ca­lú­nias contra a Ve­ne­zuela. A ter­ceira é que os EUA, apesar da in­tensa cam­panha que fi­zeram para tentar im­pedir a eleição da Ve­ne­zuela, não só não con­se­guiram en­con­trar na re­gião da Amé­rica La­tina um «testa de ferro» para que­brar a uni­dade la­tino-ame­ri­cana, como se en­con­traram tão iso­lados na vo­tação que se viram obri­gados à abs­tenção. Esta re­a­li­dade tes­te­munha de facto um pro­cesso de pro­funda re­ar­ru­mação de forças no plano in­ter­na­ci­onal e de perda de peso po­lí­tico dos EUA na cena in­ter­na­ci­onal.

Mas as ba­ta­lhas na As­sem­bleia Geral da ONU não se ficam por aqui. Dia 28 será a vez da vo­tação da con­de­nação do blo­queio a Cuba. Também aqui se es­pera mais uma es­tron­dosa der­rota para o im­pe­ri­a­lismo. E se exige que Por­tugal vote do lado da razão, da jus­tiça e da mai­oria. Contra o cri­mi­noso blo­queio a Cuba.




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