Intervenção do PCP no Parlamento Europeu

Dez prioridades para defender o País

João Fer­reira, acom­pa­nhado por Inês Zuber e Mi­guel Vi­egas, apre­sentou no dia 29, em con­fe­rência de im­prensa, as dez pri­o­ri­dades do PCP para a in­ter­venção no Par­la­mento Eu­ropeu.

O PCP quer de­volver aos es­tados a so­be­rania em ma­té­rias es­sen­ciais

No início do pri­meiro ano par­la­mentar da nova le­gis­la­tura, os três de­pu­tados do PCP eleitos a 25 de Maio sur­giram juntos na apre­sen­tação das 10 pri­o­ri­dades em que in­ci­dirá a sua acção nos pró­ximos meses. Como su­bli­nhou João Fer­reira, estas visam a «de­fesa dos tra­ba­lha­dores, do povo por­tu­guês e do in­te­resse na­ci­onal» ao mesmo tempo que per­se­guem o «ob­jec­tivo cen­tral de abrir ca­minho a uma real al­ter­na­tiva que re­tire Por­tugal do ac­tual rumo de de­sastre eco­nó­mico e so­cial».

À ca­beça da lista surge a ne­ces­si­dade ur­gente de re­ne­go­ciar a dí­vida pú­blica e a dí­vida ex­terna do País. No Par­la­mento Eu­ropeu, o PCP sus­ci­tará a uti­li­zação de «todos os ins­tru­mentos» exis­tentes para avançar para esta re­ne­go­ci­ação, que visa as­se­gurar um «ser­viço da dí­vida com­pa­tível com o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico, a pro­moção do in­ves­ti­mento, do em­prego, das con­di­ções de vida e di­reitos so­ciais e la­bo­rais dos por­tu­gueses».

A se­gunda pri­o­ri­dade dos de­pu­tados co­mu­nistas prende-se com a pre­pa­ração do País para a saída do euro (seja ela vo­lun­tária ou for­çada). Lem­brando que os cons­tran­gi­mentos pro­vo­cados pela adesão do País ao euro, para os quais o PCP desde sempre alertou, «não só se mantêm como têm ten­dência para se agravar», João Fer­reira adi­antou aquela que é a questão cen­tral: saber se é ou não pos­sível um ca­minho de re­cu­pe­ração eco­nó­mica as­sente na pro­moção das con­di­ções de vida dos por­tu­gueses dentro do euro. «A res­posta é ne­ga­tiva», con­cluiu.

Assim, os eleitos do PCP vão le­vantar ques­tões como o papel do BCE, vi­sando uma pro­funda al­te­ração dos seus es­ta­tutos e ori­en­ta­ções e a «res­ti­tuição aos es­tados do poder de de­cisão sobre ques­tões cen­trais do fun­ci­o­na­mento das suas eco­no­mias»; o início da dis­cussão re­la­tiva à dis­so­lução da UEM e a ex­tinção do Pacto de Es­ta­bi­li­dade; e a cri­ação de um pro­grama de apoio aos países cuja per­ma­nência no euro se tenha re­ve­lado in­sus­ten­tável e que pre­veja a «de­vida com­pen­sação pelos pre­juízos cau­sados no quadro de uma saída ne­go­ciada da moeda única».

So­be­rania, di­reitos, co­o­pe­ração

A re­vo­gação da União Ban­cária é outra das pro­postas do PCP, tor­nada par­ti­cu­lar­mente ac­tual com caso BES/​GES. Sobre esta questão, os de­pu­tados co­mu­nistas pros­se­guirão a in­ter­venção com vista à re­cu­pe­ração, pelos es­tados, dos «po­deres de con­trolo, de re­gu­lação e de in­ter­venção sobre a banca, co­lo­cando em Por­tugal este sector es­tra­té­gico ao ser­viço do de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico» – o que im­plica a re­vo­gação da le­gis­lação re­la­tiva à «União Ban­cária». A re­a­li­zação de uma «Con­fe­rência In­ter­go­ver­na­mental para a re­vo­gação e sus­pensão ime­diata do Tra­tado Or­ça­mental» é outra pri­o­ri­dade do PCP, que se bate por uma Eu­ropa de co­o­pe­ração entre es­tados so­be­ranos, li­vres e iguais em di­reitos, o que exige a «re­jeição do fe­de­ra­lismo e das im­po­si­ções su­pra­na­ci­o­nais e o re­co­nhe­ci­mento pleno do prin­cípio da igual­dade entre es­tados». O PCP de­fende, de­sig­na­da­mente, a «con­sa­gração da re­ver­si­bi­li­dade dos acordos e tra­tados» que regem a União Eu­ro­peia e a re­vo­gação do Tra­tado Or­ça­mental e dos di­plomas da Go­ver­nação Eco­nó­mica.

A re­jeição do Tra­tado Tran­sa­tlân­tico de Co­mércio e In­ves­ti­mentos entre a UE e os EUA (cujas ne­go­ci­a­ções de­correm «no maior se­cre­tismo»); a de­fesa do em­prego e dos di­reitos so­ciais, bem como dos sec­tores pro­du­tivos e dos ser­viços pú­blicos, são ou­tras das pri­o­ri­dades do PCP, que in­siste também na de­fesa de um re­forço subs­tan­cial do or­ça­mento co­mu­ni­tário, que pre­veja pelo menos a sua du­pli­cação. 

Uma úl­tima pri­o­ri­dade prende-se com a con­tes­tação à mi­li­ta­ri­zação da UE e a so­li­da­ri­e­dade com os povos em luta. No ime­diato, o PCP vai re­a­pre­sentar a pro­posta de de­núncia do acordo de as­so­ci­ação UE-Is­rael, por fla­grante e rei­te­rada vi­o­lação da «com­pro­va­da­mente hi­pó­crita» cláu­sula re­la­tiva aos di­reitos hu­manos.




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