A (Dona) Inércia dos grandes interesses

Carlos Gonçalves

Não é intenção deste texto deixar «mal-vista» a Dona Inércia do finado sketch de um (ex) grande banco. Trata-se tão só de trazer à colação elementos recorrentes da ideologia mediática dos grandes interesses e das forças da política de direita quando intervêm por inércia, conforme a sua natureza de classe e o seu projecto.

É no Verão, quase sempre de menos notícias dos «negócios» do capital monopolista e seus lacaios, que a superficialidade e desumanidade, recorrentes no pensamento político-mediático da grande burguesia, se revelam em todo o seu esplendor. O jargão jornalístico chama-lhe «silly season», o Verão das notícias parvas.

Este ano, a silly season foi algo atípica, dada a implosão do BES e toda a sua perversidade, corrupção e crime; mas também por isso, pela urgência de mistificar um processo que explicita a realidade do capitalismo e coloca a urgência da sua superação revolucionária, houve um esforço considerável para retomar a inércia da ideologia mediática dominante.

Assim se transformaram incidentes menores de segurança pública e situações de marginalidade incipiente – os «meet» de adolescentes e os pequenos conflitos dos festivais de Verão –, em abertura de telejornais e periódicos. Todos os dias há novas provocações e promoções mediáticas de «mortandades», entrevistas alarmistas, novos meet de «ajuste de contas» e «guerras de gangs». É assim que tentam esconder as desgraças do País e a luta do povo. Tanto «sangue e terror», que afinal não passam de vulgar campanha de intoxicação da ideologia dominante para mais medidas securitárias.

A perspectiva de uma deriva securitária junta-se à degenerescência do sistema, à descredibilização do regime democrático – expressa na guerra pelo poder no PS e na política do Governo –, ao declínio nacional e ao agravamento da situação internacional. Em conjunto integram a «normalidade» e inércia da ofensiva política, ideológica e mediática do grande capital apátrida, cada vez mais anti-comunista e antidemocrática.

Uma ofensiva que deve ser travada e revertida, impreterivelmente, em todas as circunstâncias. E seguramente na Festa do Avante!, a festa dos valores de Abril no futuro de Portugal.




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