Israel reage à unidade palestiniana

Violência sionista

Aumento da repressão sobre os presos palestinianos e construção de novos colonatos, ao arrepio do Direito Internacional e das decisões da ONU, são a resposta de Israel à formação de um governo de unidade palestiniano.

«Telavive viola os direitos mais básicos dos palestinianos»

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Depois de retaliar contra a formação do executivo conjunto da Fatah e do Hamas bloqueando a transferência de fundos para a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), e de ameaçar com outras acções punitivas, Telavive aprova leis e projectos que violam os direitos mais básicos dos palestinianos, quer os que se encontram detidos arbitrariamente quer os que resistem nos territórios ocupados.

O governo liderado por Benjamin Netanyahu apelou ao não reconhecimento do executivo de «tecnocratas» palestinianos, apresentado no dia 2, mas nem os EUA nem a UE o acompanharam publicamente. Muito embora o Congresso norte-americano acautele já o congelamento da colaboração com a ANP, o presidente Barack Obama não pôde aplicar imediatamente sanções, justificando-se com o facto de o gabinete acordado por Fatah e Hamas não incluir qualquer militante desta última formação, que Washington qualifica de terrorista.

Bruxelas, por seu lado, defende publicamente o apoio ao novo governo palestiniano, mas segunda-feira, 8, Durão Barroso formalizou, em Jerusalém, a participação de Israel no programa científico UE Horizonte 2020, tornando as empresas e institutos públicos israelitas os únicos não-europeus com acesso total ao projecto de financiamento de investigação e inovação e a cerca de 1,4 mil milhões de euros nos próximos sete anos. A UE fez letra morta da restrição imposta anteriormente para condenar a construção de colonatos judeus na Palestina, confirmando a sua posição dúbia.

Mesmo considerando as contradições imperialistas, os sionistas estão mais isolados e é nesse contexto que aumentam a repressão.

Política criminosa

A greve de fome iniciada a 24 de Abril por cerca de uma centena de presos palestinianos encarcerados ao abrigo da chamada detenção preventiva, um resquício da época colonial britânica, conta já com a adesão de 290 reclusos. Estes exigem a formalização das acusações de que são alvo para que possam defender-se, ou a sua imediata libertação, conforme acordado quando Israel aceitou a aplicação da detenção preventiva com carácter excepcional. Cerca de 70 grevistas tiveram entretanto de ser hospitalizados e a semana passada o tema mereceu a atenção das Nações Unidas. O secretário-geral Ban Ki-moon, o Comité para Investigar as Práticas Israelitas que Afectam os Direitos Humanos do Povo Palestiniano e outros Habitantes Árabes nos Territórios Ocupados (criado em 1968), e a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, expressaram preocupação pela degradação do estado de saúde dos prisioneiros e condenaram a resposta israelita à luta desesperada.

Face ao alastramento da greve de fome e ao seu conteúdo reivindicativo, o governo israelita impulsiona uma emenda à Constituição que impede a amnistia de palestinianos envolvidos em crimes de sangue contra cidadãos israelitas, bem como uma outra norma que permite a alimentação forçada dos detidos. A alimentação forçada é considerada pela ONU como uma forma de tortura e a Associação Médica de Israel apelou imediatamente aos profissionais para que não pactuassem com a sua concretização, mas Netanyahu argumenta que a mesma prática foi recentemente usada pelos EUA durante uma greve de fome em Guantánamo.

Simultaneamente, e também no quadro da retaliação à resistência e unidade palestinianas, Telavive aprovou a promoção de cerca de três mil novas habitações nos territórios ocupados da Cisjordânia e Jerusalém Leste, o que foi igualmente condenado pelas Nações Unidas. A construção de colonatos contribuiu decisivamente para o falhanço das negociações de paz relançadas em Junho de 2012. Só em 2013, de acordo com estatísticas oficiais israelitas, foram aprovadas mais 2534 novas habitações para colonos judeus na Palestina ocupada.




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