Manobras contra manobras
A Rússia respondeu anteontem com exercícios de grande envergadura à dupla iniciativa militar da NATO no Báltico e à concentração de tropas nas fronteiras da Federação, considerados por Moscovo como actos hostis e contraproducentes.
«O cerco da Rússia é um acto hostil»
As manobras iniciadas no enclave de Kaliningrado envolvem os três ramos das forças armadas russas e são dos maiores realizados recentemente na fronteira setentrional. O ministro da Defesa de Moscovo qualificou os «jogos de guerra» como defensivos e justificou-os com as iniciativas simultâneas promovidas pela NATO, sublinhando, ainda, que ambos se equiparam em envergadura.
A Aliança Atlântica leva a cabo, até ao próximo dia 21, dois exercícios nos territórios dos países do Báltico – Lituânia, Letónia e Estónia –, denominados Saber Strike e Baltops. No primeiro, que teve como ponto alto da cerimónia de abertura o sobrevoo de bombardeiros estratégicos norte-americanos, dez membros da NATO deslocaram um total recorde de 4,7 mil homens e poderosos meios, com destaque para aviões B-2, B-52 e caças de combate F-16 dos EUA. O segundo, realiza-se sob direcção do Pentágono e integra pelo menos um milhar de soldados dos EUA.
Na segunda-feira, 9, à margem de uma visita à Finlândia, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo criticou a expansão do bloco militar imperialista para Leste e qualificou-o de «contraproducente». Sergei Lavrov advertiu, ainda, que Moscovo não vai permitir a concentração de tropas da NATO nos limites do seu país e considerou que o cerco da Rússia é um acto hostil que viola o acordo subscrito em 1997.
As manobras e contra manobras entre a Rússia e a NATO ocorrem no contexto do agravamento da ofensiva do governo golpista contra as auto-proclamadas repúblicas populares no Leste da Ucrânia. Aproveitando a crise, os EUA multiplicam os anúncios de reforço da sua presença na região.
Na Polónia, dia 3, Barack Obama prometeu mil milhões de dólares de ajuda adicional para treinar, equipar e pagar exercícios das forças da NATO, bem como para colocar mais vasos de guerra nos mares Negro e Báltico. Posteriormente, o Pentágono confirmou o envio de mais conselheiros militares para a Ucrânia, e o vice-presidente, Joe Biden, garantiu que Kiev receberá outros 48 milhões de dólares (desde Março os EUA já canalizaram para o país mais de 180 milhões de dólares), a Moldávia oito milhões e a Geórgia cinco milhões, tudo a título da promoção de reformas económicas, «democráticas» e nos serviços de segurança, e, no caso georgiano, com o propósito de melhorar a «informação objectiva» a respeito da Abkházia e Ossétia do Sul.