Alarme em defesa da Saúde
O mais recente ataque do Governo ao Serviço Nacional de Saúde, por via da Portaria 82/2014 (publicada a 10 de Abril) levou a plataforma «Lisboa em defesa do SNS» a convocar para ontem à tarde um protesto junto ao Ministério de Paulo Macedo.
A plataforma, de que fazem parte sindicatos do sector da Saúde, a USL/CGTP-IN, o Movimento Democrático de Mulheres e organizações de utentes e de reformados, coloca no topo das preocupações a ameaça de desmantelamento de toda a rede hospitalar pública, com o encerramento arbitrário de serviços hospitalares do distrito, alguns deles de referência.
Preocupações semelhantes foram expressas no dia 16, sexta-feira, pela União dos Sindicatos de Setúbal, num comunicado em que alertou para graves consequências da imposição, através daquela portaria, de uma classificação das unidades de saúde por grupos, levando ao encerramento de valências. Entretanto, o desinvestimento e a política de cortes têm levado os serviços a situações de ruptura e ao aumento exponencial dos ritmos de trabalho, por falta de meios humanos.
A União dos Sindicatos de Castelo Branco reagiu em Abril à publicação da portaria e decidiu realizar, na semana passada, acções de informação da população nos hospitais Pêro da Covilhã e Amato Lusitano.
No dia 19, a União dos Sindicatos da Guarda denunciou o despedimento de cerca de três dezenas de assistentes operacionais, em funções permanentes nas unidades de internamento na ULS da Guarda, e recusou a sua substituição por desempregados em contratos emprego-inserção.
Esta segunda-feira, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses voltou a chamar a atenção para os Serviços de Urgência Básica no Algarve. Em Loulé já se antevia que houvesse turnos sem enfermeiros. O SEP/CGTP-IN tinha alertado para a gravidade desta situação há duas semanas, referindo ainda os SUB de Albufeira e Vila Real de Santo António. No dia 12, propôs aos 16 presidentes das câmaras da região, numa reunião na associação de municípios (AMAL), a realização de debates sobre este tema nos concelhos. A direcção regional do SEP defende que a admissão de enfermeiros no Algarve deve ser tratada como prioridade nacional.
Pela situação preocupante e ruptura iminente nos hospitais do Porto, a direcção regional do SEP responsabilizou o Ministério que empurra enfermeiros para o desemprego e a emigração. Num comunicado de dia 19, o sindicato refere que milhares de horas extraordinárias estão a ser feitas pelos enfermeiros e muitas delas não são pagas.
Em mais uma jornada pelo pagamento de horas trabalhadas e não pagas, entre 2008 e 2012, os enfermeiros do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental fizeram greve, no dia 8, e cerca de duas centenas concentraram-se, durante a manhã, frente ao Hospital S. Francisco Xavier. A dívida, que os enfermeiros afirmam não desistir de cobrar, refere-se a trabalho efectuado à noite, em dias feriados e fins-de-semana.