A Constituição em debate

José Neto

Por iniciativa oportuna de organizações diversas do nosso Partido, da Função Pública à concelhia da Marinha Grande, de Barcelos à freguesia de Samora Correia, foram realizados recentemente alguns debates em torno da Constituição da República.

É de assinalar, ainda mais neste ano do 40.º aniversário da Revolução, que o PCP tenha sido a única força política a comemorar em 2 de Abril, na Assembleia da República, os 38 anos da Lei fundamental, o que diz tudo sobre o compromisso que temos com os valores de Abril que nela se mantêm.

Nos debates havidos pretendia-se aprofundar o conhecimento da Constituição, da sua génese e natureza originária, bem como das fases da metódica destruição de pilares fundamentais nela contidos, efectuada em sucessivas revisões (nada menos que sete, de 1982 a 2005) como sejam a estrutura e órgãos de poder decorrentes da Revolução, as alterações na estrutura económica que abriram caminho à recuperação capitalista ou o amarrar e submeter o nosso país às estruturas e interesses do capitalismo europeu.

É importante conhecer a fundo todo este processo de ataque sistemático à Constituição.

Em primeiro lugar, porque as principais alterações à Lei fundamental, todas elas levadas a cabo pela troika formada pelo PS, PSD e CDS-PP, correspondem a outras tantas etapas do processo contra-revolucionário – de retrocesso político, económico, social e cultural – que ainda não terminou. Mas também para melhor compreender a senha, o ódio do grande capital e dos partidos e governos ao seu serviço contra a Constituição. E que se traduz não apenas na sua constante violação e no desrespeito pelo que ela contém de positivo, e muito é, mas igualmente pela permanente ameaça e pelos projectos latentes para a sua liquidação definitiva, que o mesmo é dizer, pela consumação do processo de destruição do regime democrático conquistado com a Revolução de Abril.

Questão central dos tempos que vivemos é, pois, o empenhamento na defesa da Constituição de Abril. E esse propósito tem sido patente nas intervenções dos muitos militantes e simpatizantes que participaram nos debates até agora realizados.

A defesa da Constituição tem de passar obrigatoriamente, e em primeiro lugar, por conhecê-la, divulgá-la e exercer na prática os direitos que nela estão inscritos. Depois, por dar dimensão de massas à luta em defesa dos seus princípios e dos seus valores.

«Todos sabemos que a Constituição não se defende sozinha» afirmava o camarada Jerónimo de Sousa, Secretário Geral do nosso Partido na já citada sessão do dia 2 de Abril. Palavras acertadas, a apontar para a necessidade imperiosa da unidade e convergência dos patriotas, dos homens e mulheres de esquerda, dos trabalhadores em torno da defesa da Constituição, bem como da afirmação de uma política alternativa que respeite os valores de Abril no futuro de Portugal.



Mais artigos de: PCP

Organizar, resistir e lutar

O Sector Intelectual da Organização Regional do Porto do PCP realizou, no dia 3, a sua 9.ª assembleia de organização, colocando especial ênfase na intervenção dos intelectuais comunistas na luta popular.

Evolução do PIB revela insucesso

Reagindo ao anúncio dos dados da estimativa rápida do INE relativos à evolução do PIB no primeiro trimestre do ano, que apontam para uma queda de 0,7 por cento e uma variação homóloga de 1,2 por cento, o PCP conclui que em termos anuais o crescimento do PIB foi...

Concurso de postais

Foram já seleccionados os projectos vencedores do concurso de postais da Festa do Avante! 2014, que serão editados e distribuídos gratuitamente pela rede PostalFree em suportes localizados em locais como cinemas, bares, espaços culturais ou escolas. Este concurso é uma forma de levar...

JCP denuncia amianto

A Organização Regional de Setúbal da JCP denunciou, em nota de imprensa, as escolas do distrito que têm amianto, uma fibra que é usada nos telheiros dos pavilhões que pode causar problemas cancerígenos a longo prazo, se houver exposição a este material por um...