Acordo sobre estupefacientes
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia Exército do Povo (FARC-EP) e o governo colombiano alcançaram, quinta-feira, 16, um princípio de acordo sobre a questão das drogas ilícitas. Depois da reforma agrária e da democratização política do país, o entendimento em matéria de estupefacientes ainda não encerra o debate em torno de questões como a política criminal ou a pulverização com químicos, mas é um compromisso sério para a substituição progressiva e viável da produção; a protecção das comunidades rurais; a promoção do bem-estar da população; a defesa das comunidades face a grupos criminosos e o financiamento destes; a prevenção do tráfico, consumo e a salvaguarda da saúde pública. As partes comprometem-se, também, a trabalhar em conjunto e a envolver o povo colombiano, bem como a realizarem, em parceria com a ONU, uma conferência internacional sobre combate à produção, comercialização e abuso de drogas, explicou, em conferência de imprensa realizada no Palácio de Convenções de Havana, o chefe da delegação das FARC-EP, Iván Marquez.
Cuba, anfitriã das conversações de paz, emitiu um comunicado no qual saúda o consenso e garante que fará tudo, enquanto facilitador do diálogo, para o avanço do mesmo, a concretização de uma solução capaz de acabar com o conflito e abrir caminho à construção da paz na Colômbia.
O diálogo prossegue, tratando-se, de agora em diante, de alcançar um acordo sobre a reparação das vítimas e deslocados de guerra, o fim dos combates e o modo de ratificação de um compromisso definitivo.
Eleições
Antes do anúncio do acordo sobre o terceiro dos seis pontos na agenda de negociações de paz, as FARC-EP anunciaram uma trégua unilateral, até ao próximo dia 28, no contexto das eleições presidenciais que se realizam no domingo, 25. Apesar de notarem que o regime rejeitou idêntico gesto, «argumentando que só a ofensiva permanente contra a guerrilha assegura a paz no país», as FARC-EP decretaram o terceiro cessar-fogo desde o início do diálogo para «responderem ao clamor nacional».
«Não acreditamos no regime eleitoral colombiano; pensamos, como milhões de compatriotas, que a corrupção, o clientelismo, a fraude e as manobras sujas de todo o tipo que conduzem à ilegitimidade dos resultados e ao escândalo, acrescentam força à nossa razão», consideraram igualmente as FRAC-EP.
As últimas sondagens davam como favorito o actual chefe de Estado Juan Manuel Santos, seguido de Óscar Zuluaga, do partido do ex-presidente Álvaro Uribe, e Enrique Peñalosa, da Aliança Verde. Nenhum obtinha maioria, pelo que se prevê uma segunda volta, agendada para 15 de Junho.
Zuluaga está envolvido num escândalo de espionagem às conversações de paz. O caso foi tornado público pela revista Semana, que divulgou um vídeo onde o candidato presidencial «uribista» aparece com Andrés Spulveda, entretanto detido por escutar ilegalmente os diálogos que decorrem em Havana.