Golpe anti-bolivariano

Venezuela acusa EUA

Nicolás Maduro diz ter provas sobre o envolvimento dos EUA na conspiração

O «plano de conspiração e insurreição» tem como objectivo estratégico retomar o controlo das reservas petrolíferas venezuelanas, afirmou Miguel Torres, para quem os EUA «querem impedir a propagação do pensamento bolivariano porque um pequeno país, petrolífero, diz ao mundo que há outro rumo possível e outra forma de construir a sociedade».

Em conferência de imprensa realizada sexta-feira, 2, o ministro do Interior, Justiça e Paz detalhou que para o governo as linhas de acção estratégicas implementadas nos últimos meses são muito claras: fazer convergir a manipulação da questão dos direitos humanos [a Mesa de Unidade Nacional, em simultâneo ao diálogo em curso com as autoridades, está a divulgar um relatório onde acusa as forças de segurança de usarem grupos paramilitares na repressão dos «protestos»] com a promoção de confrontos envolvendo «grupos de estudantes».

Miguel Torres adiantou, ainda, algumas das provas que Caracas considera que evidenciam a coordenação da intentona por parte dos EUA e de alguns dos seus homens de mão na América Latina (Vicente Fox, ex-presidente do México, ou Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia). Referiu, nomeadamente, a detenção, desde 12 de Fevereiro, de 58 estrangeiros nas «guarimbas»; o treino de jovens afectos a organizações de direita e de extrema-direita, a partir de 2010, com o intuito de os instruir na realização de acções violentas; ou a implementação, a partir de Março de 2012, do chamado «Plano País», coordenado por Humberto Prado, do «Observatório de Prisões» e financiado por ONG norte-americanas, o qual previa o desencadeamento de motins prisionais.

Embora com menos intensidade do que em semanas anteriores, a violência e o vandalismo prosseguem. Segundo as autoridades venezuelanas, desde segunda-feira, 5, foram incendiados veículos nas imediações de uma universidade no estado de Lara, queimado um automóvel da Guarda Nacional Bolivariana e atacada uma brigada daquela força quando regressava de uma iniciativa de inspecção económica.

Ofensiva económica

A denúncia pública feita pelo ministro venezuelano ocorreu um dia depois de o presidente Nicolás Maduro ter garantido possuir «provas da participação de funcionários da embaixada dos Estados Unidos em conspirações com os “guarimberos”» (promotores de barricadas e vandalismo). Durante os actos centrais do 1.º de Maio, Maduro aproveitou também para apelar aos venezuelanos para que derrotem «o açambarcamento e a especulação».

O presidente venezuelano reiterou, assim, a necessidade de mobilizar não apenas os apoiantes e militantes bolivarianos, mas um mais vasto conjunto de sectores da sociedade no combate à desestabilização económica. Nesse sentido, as autoridades informaram que já promoveu encontros oficiais com quase três mil empresas de sectores básicos e estratégicos visando ultrapassar os constrangimentos que estas dizem enfrentar no necessário reforço da sua capacidade produtiva.

Noutro plano, mas no mesmo domínio, entre sexta-feira, 2, e domingo, 3, continuaram as jornadas de inspecção económica, cujo objectivo é assegurar o acesso das populações aos bens e serviços aos preços fixados, impedir que a margem de lucro exceda os 30 por cento previstos na Lei dos Preços Justos, em vigor desde Janeiro, e travar o açambarcamento e a especulação. Dados oficiais indicam que, durante o último fim-de-semana, as cerca de 1900 equipas multidisciplinares constataram casos de inflação de preços superiores a mil por cento.

A par da repressão das irregularidades, o executivo bolivariano aumentou em 30 por cento o salário mínimo e as pensões. Esta é a segunda vez que tal acontece. Em Janeiro deste ano, as remunerações de referência foram aumentadas em 10 por cento.

O governo venezuelano não exclui a possibilidade de voltar a decretar nova subida, mas nota que a diferença entre o valor do cabaz básico normativo (3730 bolívares) e o total dos rendimentos mínimos à disposição dos trabalhadores (4251 bolívares em dinheiro e 1351 bolívares em senhas de alimentação), revela que as dificuldades enfrentadas pelo povo resultam da desestabilização económica com o propósito de travar o processo bolivariano em curso.




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