Aquela máquina!
Esta segunda-feira amanheceu, no que ao plano mediático diz respeito, com a manchete de que o Governo não iria propor a redução do valor das indemnizações por despedimento ilegal. «A rádio A sabe», «o jornal B está em condições de confirmar», «o noticiário da manhã anuncia», tais foram as formulações usadas para dizer que, na reunião da Concertação Social, o Governo, após um suposto terçar de armas com as «forças malignas» da troika estrangeira, em que esta teria sido derrotada, não avançaria com aquela medida.
Terá sido mera coincidência o facto de todos os media terem conseguido furar um segredo que se supunha bem guardado. Ou, se calhar, não.
Na verdade, esta «notícia» será, sim, uma operação bem montada.
Por um lado, pretende-se apagar o papel que a luta de massas tem desempenhado na resistência ao conjunto dos objectivos que a troika nacional (PS, PSD e CDS) fixou nos PEC e depois no pacto de agressão, e designadamente a imensa resposta que os trabalhadores e o povo deram nas manifestações do 25 de Abril, nas ruas de todo o País.
Pretende-se também esconder que entre esses objectivos está a liquidação da contratação colectiva, na qual Governo e patronato estão empenhados e que representaria, a concretizar-se, um brutal retrocesso na correlação de forças entre o capital e o trabalho.
Isto no dia em que o Conselho de Ministros reuniu, de forma extraordinária, para aprovar o DEO – Documento de Estratégia Orçamental, cujos conteúdos são os do aprofundamento da política de direita, da exploração e empobrecimento, dos cortes nos salários e pensões, da destruição das funções sociais do Estado, ou seja os da troika que, dizem, que está para ir embora, mas que de facto perdurará.
Estamos perante uma imensa máquina de propaganda que nas próximas semanas, mantendo e até aprofundando todas as medidas de desastre para o País, procurará servir aos trabalhadores e ao povo, em doses monumentais de demagogia e mentira, a ideia de que vêm aí dias melhores, com vista a enganar alguns incautos no próximo dia 25 de Maio.
Máquina de propaganda poderosa, a exigir a resposta a partir do reforço da movimentação de massas de resistência à ofensiva, e a sua firme denúncia.