Princípios de propaganda
Há quase um ano Cavaco Silva concedeu ao Governo PSD/CDS o balão de oxigénio de apadrinhar uma remodelação governamental. Novos ministros e secretários de Estado entraram nesse governo inteiramente desacreditado, que aproveitou a folga para proclamar um «novo ciclo».
Desde o início ficou bem à vista qual o conteúdo de tal «novo ciclo»: juntar doses industriais de propaganda e de desinformação à mesma política de desastre económico e social e de submissão nacional.
O desastre prosseguiu e agravou-se, mas a ofensiva propagandística conseguiu um resultado de vulto: o PS meteu a viola no saco e nunca mais falou em eleições antecipadas. Não podem no entanto ignorar-se alguns passos em falso, como é o caso das recentes inconfidências acerca do carácter definitivo dos roubos já efectuados em salários e pensões. Nesse sentido, e com espírito construtivo, aqui recordamos alguns princípios de propaganda elaborados por um experiente responsável:
- «A propaganda deve ser planeada e executada por uma única autoridade». Tem que ser o ministro Poiares Maduro a coordenar as coisas, não pode caber-lhe a ingrata tarefa de desmentir um secretário de Estado.
- «Credibilidade, informação e os possíveis efeitos da comunicação determinam se materiais de propaganda devem ser censurados». Melhor do que desmentir uma informação é censurá-la previamente.
- «Deve ser preferida a propaganda negra à propaganda branca, quando esta seja menos credível ou produza efeitos indesejados». Em vez de anunciar a perpetuação de roubos, deve ser agitado o espantalho das desgraças que sucederiam se tais roubos não fossem efectuados.
- «Um tema propagandístico deve ser repetido, mas não para além do ponto em que a sua efectividade diminui». Não pode repetir-se constantemente os «sucessos do País» quando os «insucessos das pessoas» atingem uma dimensão dramática.
- «A propaganda pode ser facilitada por dirigentes prestigiados». Um problema sério, quando é generalizada a imagem deste Governo como uma insuportável quadrilha de gente ao serviço do grande capital.
Falta esclarecer que quem enumerou tais princípios foi Joseph Goebbels.