agricultores na Guarda
Duas razões, duas lutas
Os distritos de Castelo Branco e da Guarda sofrem igualmente as consequências e os objectivos da política de direita desenvolvida há anos e, em particular, do pacto de agressão que há três anos PS, PSD e CDS assinaram com a troika estrangeira.
Muitas razões existem para que a luta continue
Nestes distritos não param de encerrar ou reduzir serviços públicos e empresas; o desemprego atinge números dramáticos, com mais de 13 mil em Castelo Branco e mais de 11 mil na Guarda, contando com «ocupados»; aumenta o número de trabalhadores que se vêem obrigados a emigrar, assim como aumentam os reformados e pensionistas que auferem pensões e reformas baixas; regista-se o aumento da pobreza.
Muitas têm sido as lutas das populações e dos trabalhadores nestes distritos na defesa dos serviços públicos, contra as portagens na A23 e A25, assim como de muitos trabalhadores: dos têxteis no distrito de Castelo Branco, pelo aumento de 30 euros/mês no salário; da Moviflor/Fundão, em greve no passado dia 8 de Março pelo pagamento dos salários; do Contact Center da EDP/Seia na luta pelo aumento dos salários e melhores condições de trabalho; ou ainda dos trabalhadores da F. Camelo/Seia pelo pagamento dos salários.
São muitos os sectores que não se resignam, que exigem e lutam pelos seus direitos. Os trabalhadores das Minas da Panasqueira (Covilhã) e dos pequenos agricultores na Guarda são dois exemplos da razão que sustenta a luta no confronto de classes, em que o grande capital e as forças que o suportam beneficiam os grandes, o lucro, a apropriação da mais-valia, continuando e aumentando a exploração, no caso dos trabalhadores, e a destruição da produção nacional e os pequenos e médios agricultores a favor dos grandes agro-negócios e dos grandes produtores e agricultores.
Contra a exploração
A SojitzBeralt é uma multinacional japonesa, concessionária das minas da Panasqueira, empregando neste momento 365 trabalhadores, dos quais cerca de 30 por cento com vínculos precários; o salário médio ronda os 720 euros e a venda de minérios garante à volta de 30 milhões de euros/ano.
Os trabalhadores da Panasqueira há muito que lutam, organizadamente, através do seu sindicato de classe, tendo conseguido ao longo dos anos importantes conquistas na valorização do salário, na melhoria das condições de higiene e segurança no trabalho, entre outras. Tem sido a sua unidade e luta que tem produzido frutos nos direitos dos trabalhadores. Neste momento, desenvolve-se uma luta em defesa do caderno reivindicativo, em particular o aumento do salário e contra a proposta da empresa de alteração dos horários de trabalho para laboração contínua na lavraria e de 10 horas diárias, quatro dias da semana, para a mina. A empresa procura fazer depender o aumento do salário das alterações de horário, considerando o sábado dia normal de trabalho e acenando com aumento de 60 postos de trabalho.
Os trabalhadores, reunidos em grandes plenários, decidiram convocar e realizar uma greve no passado dia 10 de Março, que teve uma adesão de cerca de 90 por cento, e marcaram novos dias de greve para hoje e amanhã (3 e 4 de Abril). Entretanto, estão há um mês a recusar o trabalho extraordinário.
Defender a produção
Os pequenos agricultores na Guarda têm vindo a lutar com a sua associação representativa – ADAG/CNA – contra as imposições fiscais, os custos dos factores de produção e na defesa dos apoios à produção. No distrito, como em muitos outros, a agricultura tem sofrido duros ataques, assistindo-se à destruição e abandono de muitas produções, como são exemplo o leite, os lagares ou as adegas. Os custos associados à produção e as dificuldades de escoamento fazem com que muitos desistam ou que reduzam a sua produção ao consumo próprio ou familiar.
Mas os agricultores têm respondido aos apelos para a luta contra este Governo. Exemplo disso foi a grande luta promovida pela CNA na cidade da Guarda no passado dia 22 de Janeiro, onde cerca de 200 agricultores, sob forte chuva, se juntaram em frente à Segurança Social; ou, mais recentemente, nas expressivas adesões ao abaixo-assinado pela anulação das novas imposições fiscais sobre os pequenos e médios agricultores (só na semana de 17 a 22 de Março foram recolhidas mais de 1200 assinaturas), colocando igualmente a necessidade de participação na grande acção de hoje, 3 de Abril, promovida pela CNA em Lisboa.
Muitas razões existem para que se continue a exigir direitos, a que se cumpra Abril, a demissão do Governo e a construção de uma política alternativa patriótica e de esquerda.