A derrota de Hollande
Os resultados da segunda volta das municipais em França confirmaram a derrota dos socialistas do presidente François Hollande, que apesar da concentração de votos à esquerda recolherem apenas 40,57 por cento dos votos, atrás do centro-direita que obteve 45,91 por cento dos sufrágios, enquanto a Frente Nacional de Marine Le Pen se ficou pelos 6,84 por cento.
Segundo resultados provisórios divulgados no domingo, 30, pelo Ministério do Interior, a progressão da extrema-direita foi muito menor do que se poderia inferir da primeira volta, quando a FN se impôs como força mais votada em mais de 300 municípios.
Na realidade, embora reclamando o melhor resultado da sua história, a extrema-direita apenas conquistou 11 municípios, num total de 36 mil, a maioria das quais de pequena dimensão.
Mais expressivo foi o resultado do centro-direita (UMP, UDI e MoDem) que conquistou aos partidos de esquerda pelo menos 155 cidades, com uma população entre nove mil e 100 mil habitantes, entre as quais figuram vários bastiões do Partido Socialista.
Admitindo a derrota do governo, o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, que na segunda-feira, 31, apresentou a sua demissão e a da sua equipa, declarou que «as eleições foram marcadas pelo desafecto daqueles e daquelas que confiaram em nós em Maio e Junho de 2012», nas presidenciais e legislativas, acrescentando que François Hollande retirará «os ensinamentos deste escrutínio».
Por seu lado, a UMP (União para um Movimento Popular), o primeiro partido da oposição de centro-direita, reivindicou «uma grande vitória», apresentando como principais troféus a conquista aos socialistas de importantes cidades como Toulouse (Sudoeste), Quimper (Oeste), Belfort (Este) ou Limoges (centro) governadas pela esquerda desde há um século.
Entretanto, os socialistas não só conservaram Paris, como conseguiram resistir em Lyon, Lille, Strasbourg, Nantes, Rennes, Metz, Brest, Lens, e conquistar Avignon, Douai e Lourdes.
Em comunicado, o Partido Comunista Francês responsabiliza a política do governo pela «desmobilização do eleitorado de esquerda, mergulhado na decepção e desespero».
Neste contexto realça a eleição na primeira volta de 94 presidentes de Câmara em cidades com mais de 3500 habitantes, reconhecendo que o avanço da direita na segunda volta, que beneficiou da transferência de votos da extrema-direita, originou perdas para o PCP em várias regiões.
No entanto, o PCF permanece como a terceira força autárquica, mantendo a gestão de importantes cidades e ganhando os municípios de Aubervilliers, Montreuil e Thiers.