Agressão imperialista à Síria

Provocações prosseguem

O go­verno de Da­masco acusou a Tur­quia de «agressão fla­grante» ao abater, do­mingo, 23, um avião sírio quando este bom­bar­deava po­si­ções que grupos ter­ro­ristas pro­cu­ravam manter junto à fron­teira turca. Para as au­to­ri­dades sí­rias, o in­ci­dente – o mais grave desde Se­tembro de 2013, quando as forças ar­madas da Tur­quia der­ru­baram um he­li­cóp­tero sírio na mesma re­gião, e o se­gundo re­gis­tado a se­mana pas­sada, quando Is­rael bom­bar­deou po­si­ções do exér­cito sírio nos Montes Golã – «de­monstra a im­pli­cação de Er­godan no apoio aos ter­ro­ristas», no­ti­ciou a Lusa.

De acordo com a AFP, o pri­meiro-mi­nistro turco não só fe­li­citou o exér­cito pelo der­rube da ae­ro­nave como ame­açou a Síria com mais ac­ções si­mi­lares caso o seu es­paço aéreo seja vi­o­lado, o que Da­masco re­cusa que tenha acon­te­cido. As Na­ções Unidas aler­taram para a ne­ces­si­dade de es­cla­recer o su­ce­dido e ape­laram às partes para que não façam es­calar ainda mais o con­flito.

Da parte de Da­masco, essa não é a in­tenção, tanto mais que na se­gunda-feira re­a­briram a pas­sagem fron­tei­riça de Nsibin, pro­víncia de Ha­sakeh, no Nor­deste, por onde, en­tre­tanto, se­gundo a Prensa La­tina en­traram na Síria pelo menos 22 ca­miões da ONU car­re­gados de man­ti­mentos e me­di­ca­mentos para a po­pu­lação afec­tada pela guerra.

A lo­ca­li­dade de Kassab, pro­víncia de La­takia, é um ponto nodal no trân­sito de mi­li­ci­anos e ar­ma­mento para os grupos ar­mados que há já mais de três anos pro­curam der­rubar o re­gime li­de­rado por Ba­char al-Assad, pro­vo­cando a des­truição do ter­ri­tório e um drama hu­ma­ni­tário de pro­por­ções di­fí­ceis de cal­cular. A ofen­siva jiha­dista na área ini­ciou-se terça-feira, 18, e foi as­su­mida pela Frente al-Nusra (vin­cu­lada à al-Qaeda) e por bri­gadas da Sham al-Islam e da Ansar al-Sham, as quais es­tarão igual­mente en­vol­vidas em com­bates na pro­víncia de Alepo, si­tuada nos li­mites da Síria com a Tur­quia.

Ofen­sivas se­me­lhantes contra es­colas e bairros re­si­den­ciais têm ocor­rido, nos úl­timos dias, em di­versas ci­dades sí­rias, com des­taque para a re­gião de Da­masco e o campo de re­fu­gi­ados pa­les­ti­ni­anos de Yarmuk, com um saldo de de­zenas de ví­timas. O pre­si­dente Ba­char al-Assad con­si­derou que este tipo de ataque evi­dencia a na­tu­reza ter­ro­rista dos grupos ar­mados.

Os bandos de mer­ce­ná­rios in­te­grados por sí­rios e ex­tre­mistas is­lâ­micos a soldo oriundos de cerca de oi­tenta países pa­recem pre­tender re­tomar a ini­ci­a­tiva mi­litar, isto de­pois de, nos úl­timos meses, terem so­frido pe­sadas der­rotas. Fazem-no jus­ta­mente quando a missão con­junta da Or­ga­ni­zação para a Proi­bição de Armas Quí­micas e da ONU re­velou que mais de me­tade do ar­senal sírio foi já re­ti­rado do país ou des­truído. Re­corde-se que os EUA de­fen­deram, no final do ano pas­sado, uma in­ter­venção di­recta contra a Síria pre­ci­sa­mente de­vido à exis­tência e pre­tenso uso de armas quí­micas por Da­masco.

Si­mul­ta­ne­a­mente, no Kuwait, onde se reuniu a Liga Árabe, o prín­cipe sau­dita acusou a «co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal» de ter traído a «re­sis­tência síria». A de­cla­ração não tem outro fim senão su­bli­nhar o pe­dido do re­pre­sen­tante po­lí­tico da cha­mada opo­sição síria, que mesmo não ocu­pando for­mal­mente o lugar do país na or­ga­ni­zação pan-árabe, pôde usar da pa­lavra para voltar a apelar ao envio de «armas so­fis­ti­cadas» para «equi­li­brar as forças no ter­reno».




Mais artigos de: Internacional

Crime repetido

As­si­nala-se, se­gunda-feira, 15 anos sobre o início dos bom­bar­de­a­mentos da NATO contra a então Ju­gos­lávia, cam­panha im­pe­ri­a­lista que se pro­longou por 78 dias, cujos crimes per­ma­necem im­punes.

Protesto imparável

O go­verno pa­ra­guaio en­frentou, quarta-feira, 26, a pri­meira greve geral desde que tomou posse, con­vo­cada por seis cen­trais sin­di­cais, de­zenas de sin­di­catos na­ci­o­nais e or­ga­ni­za­ções so­ciais e po­lí­ticas, entre as quais a po­de­rosa Fe­de­ração Cam­po­nesa.

Combater o imperialismo

Representantes de movimentos da paz de vários países e muitas personalidades sérvias participaram, no fim-de-semana, em Belgrado, numa conferência internacional que lembrou os 15 anos da agressão da NATO à Jugoslávia (ver página 24). A iniciativa, promovida pelo...

Grandes de África <br> em lutas eleitorais

Na Argélia e na África do Sul, grandes potências africanas, há eleições nas próximas semanas. Tanto num caso como noutro as urnas não deverão impor mudanças políticas significativas. Com um enorme...