Porto esquecido
A CDU no Porto critica o «abandono» e a «degradação» do património cultural e natural do Vale de Massarelos, e defende um investimento municipal prioritário para esta e outras zonas esquecidas da cidade.
«Toda esta zona está ao abandono»
«Toda esta zona, da Rua dos Moinhos até ao Campo do Rou, está ao abandono, com casas devolutas, algumas até já alvo de derrocada, fontanários e lavadouros degradados, lixo, vegetação e um número muito grande de sem-abrigo em casas improvisadas», descreve Pedro Carvalho, vereador da CDU na Câmara do Porto, que, no dia 2 de Março, fez uma visita ao local.
O eleito do PCP alertou ainda que a área em causa inclui os Caminhos do Romântico, alvo de uma «semi-requalificação» no âmbito da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, com «mais de 700 mil euros» investidos, para que actualmente continue «tudo degradado».
«Queremos que o investimento municipal, independentemente de outras fontes de financiamento, dê prioridade a zonas como esta», afirmou Pedro Carvalho, avançando com intervenções e «planos estratégicos de reabilitação destas áreas» esquecidas, onde ainda persiste «um Porto do século XIX», para criar condições para ter uma cidade do século XXI.
«Este é também um Porto histórico, onde ainda vivem pessoas que dão identidade à cidade. É uma zona com mais valias do ponto de vista cultural, natural e habitacional, e que está esquecida», lamentou o vereador da CDU, criticando que se gaste «tantos milhares de euros a reabilitar determinadas áreas, como a Avenida da Boavista» enquanto se deixa outras ao abandono.
Por isso, explica, a CDU tem vindo a «lembrar o Porto esquecido», assinalando, em cada freguesia, «zonas da cidade que podiam ter uma importante valorização».
Feira do Livro volta a não se realizar no Porto
Retrocesso cultural
Pelo segundo ano consecutivo não se vai realizar a Feira do Livro do Porto. Para os eleitos da CDU, «este facto corresponde a mais um retrocesso em matéria da oferta cultural na cidade e na região do Porto, interrompendo, novamente, a regularidade anual daquele que é um dos maiores eventos literários do País».
«A Feira do Livro do Porto, para além da habitual oferta de dezena de stands de editoras e outras entidades, promove a oferta de inúmeras sessões, apresentações, debates e projecções de filmes», salienta a CDU, em nota de imprensa divulgada no dia 26, acrescentando que aquela iniciativa, ao longo dos anos, «transformou-se numa saudável rotina da cidade do Porto, envolvendo agentes literários e culturais, escolas e instituições diversas, contando com dezenas de milhares de visitantes».
O documento lembra que na campanha eleitoral das últimas autárquicas as candidaturas de Rui Moreira/CDS e do PS declararam pretender retomar a realização anual da Feira do Livro do Porto. No programa eleitoral do PS inscreve-se mesmo o compromisso de «assegurar a realização da Feira do Livro todos os anos».
«Durante os mandatos de Rui Rio – coligação PSD/CDS – a hostilização dos agentes culturais e da Cultura em geral foram uma lamentável imagem de marca. A eleição de Rui Moreira para presidente da Câmara e a responsabilização de Paulo Cunha e Silva como vereador da Cultura foi acompanhada de muitas afirmações de uma nova política municipal para a Cultura, suportada numa ideia da sua adequada valorização. No entanto, infelizmente, nestes primeiros cinco meses de mandato não há razões para concluir que tal se verificou», acusam os eleitos da CDU, dando como exemplo o despejo da Seiva Trupe, a redução efectiva de 120 mil euros para a dinamização cultural no Orçamento municipal para 2014, a indefinição em relação ao futuro dos teatros Rivoli e Campo Alegre e a repetição da não realização da Feira do Livro.