Mil empregos
Face à recusa da câmara de Londres em negociar, os trabalhadores do Metro da capital britânica cumpriram ontem e anteontem a segunda greve de 48 horas numa semana.
Metro de Londres em luta pelo emprego e segurança
Após o sucesso da paralisação, nos dias 5 e 6, que se estendeu a mais de 70 por cento da circulação, ficando garantidos apenas os serviços mínimos, os trabalhadores do Metro de Londres entraram de novo em greve em protesto contra o encerramento de 278 bilheteiras e o despedimento de 953 trabalhadores, onde se incluem 45 por cento dos supervisores das estações.
A greve da passada semana gerou o caos no metropolitano, cujas portas de algumas estações foram abertas, dando origem à invasão das plataformas por milhares de passageiros, convencidos de que o serviço estava em funcionamento.
O próprio edil de Londres, Boris Johnson, deu o exemplo fazendo-se filmar numa das composições em funcionamento para criar a imagem de que a greve não tinha expressão.
Já antes os conservadores tinham defendido a proibição da greve. Johnson pôs em causa a sua legitimidade, alegando que o pré-aviso foi lançado sem o acordo prévio da maioria dos associados.
Na verdade, num dos dois sindicatos mais representativos, o Sindicato Ferroviário Marítimo e dos Transportes (Rail, Maritime and Transport Union, RMT), a paralisação teve o apoio de 76 por cento dos votantes, mas apenas 40 por cento dos trabalhadores votaram.
Por isso, Johnson aproveitou para afirmar que a greve só tinha o apoio de 31 por cento dos associados do RMT, omitindo que na outra estrutura sindical, a Associação de Pessoal Assalariado dos Transportes (Transport Salaried Staffs Association, TSA), a larga maioria tinha participado na votação e aprovado a greve.
De qualquer modo a réplica dos sindicatos esteve à altura. Lembraram ao «mayor» de Londres que, pela mesma ordem de ideias, a sua legitimidade era de longe inferior à dos grevistas. Com efeito, na sua última eleição, em 2012, Johnson foi eleito com 44 por cento dos votos, num sufrágio em que participaram apenas 38 por cento dos inscritos, ou seja, na realidade, apenas 17 por cento dos eleitores londrinos votaram nele.
E mais. Lembraram que no seu primeiro manifestou eleitoral Johnson prometeu travar o encerramento de bilheteiras, garantindo que haveria sempre um guichet aberto em cada estação.
Mas nem mesmo da parte dos trabalhistas (Labour) veio qualquer apoio à justa luta pelos postos de trabalho, contra as «estações fantasma» e pela segurança dos passageiros do Metro. Pelo contrário, na véspera da paralisação, o actual líder, Ed Milliband, manifestou o desejo de que a greve não se realizasse.