Agressão imperialista à Síria

Damasco insiste na paz

O impasse nas negociações que decorrem na Suíça revela que a oposição síria só pretende arredar Bachar al-Assad, ao passo que uma solução de paz é defendida pelo governo de Damasco.

O governo sírio quer «salvar o povo do terrorismo»

Após uma semana de diálogo, os opositores só falam no afastamento do presidente eleito pelos sírios, proposta que já levou as autoridades da Síria a apelarem a uma postura construtiva. Segundo a Lusa, um dos membros da oposição presente em Genebra acusou Damasco de «pretender falar de terrorismo». Não se estranha que face à acção dos grupos armados, os quais integram jihadistas de 80 países, o governo sírio tenha apresentado «uma declaração de princípios para salvar a Síria, o Estado e o povo do terrorismo extremista», visando discutir a protecção das instituições públicas de ameaças criminosas.

Não obstante a diferença de posições, no campo humanitário foram feitos avanços, nomeadamente quanto à entrega de auxílio de emergência e a evacuação de mulheres e crianças de Homs. Ao final do dia de terça-feira, Damasco esclarecia que a concretização do compromisso relativo à cidade sitiada dependia dos mercenários que a ocupam.

Já no que não depende dos chamados «rebeldes», o caso é mais seguro. Ainda anteontem foi confirmada a saída do Porto de Latakia do segundo carregamento de armas e agentes químicos sírios, conforme estabelecido entre a Síria, os EUA e a Rússia, e monitorizado pela Organização para a Proibição das Armas Químicas e as Nações Unidas com o envolvimento logístico e de segurança da Dinamarca, Noruega e China.

A travar a paz, também, a permanente intoxicação da opinião pública. O mais recente episódio é o da divulgação, um dia antes do início da Conferência, de um relatório elaborado por um escritório de advogados britânico. Pago pelo Catar e prontamente avalizado por Washington, o texto foi «apimentado» com dezenas de milhares de falsas fotografias de civis alegadamente executados pelo governo. Não faltam imagens de mercenários mortos em combate nem de civis assassinados pelos grupos terroristas, todos apresentados como vítimas do regime sírio. Os objectivos políticos são evidentes e Damasco considerou que, pesem ulteriores ressalvas quanto à veracidade e objectividade das informações, a sua difusão teve o efeito pretendido.

Entretanto, a AP decidiu suspender a colaboração com um repórter, agraciado com um Pulitzer, note-se, depois deste ter confirmado que manipulou uma imagem sobre o conflito.

Menos divulgadas, mas igualmente a mostrarem quem apoia a guerra e quem almeja a paz, são notícias que dão conta de que a Frente al-Nusra, filial da Al-Qaeda, detém mísseis anti-tanque de fabrico europeu, e outra ainda a garantir que, recentemente e à porta fechada, o Congresso dos EUA aprovou o envio de armas e outro material necessário aos bandos que se mantenham em combate.




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