Racista e xenófoba
Milhares de requerentes de asilo exigiram em Telavive o reconhecimento do seu estatuto e o fim da repressão por parte de Israel.
Israel considera os imigrantes «infiltrados africanos»
Na sua maioria provenientes de países africanos, sobretudo do Sudão e da Eritreia, os refugiados manifestaram-se domingo, 5, e segunda-feira, 6, nas ruas da capital. Os participantes, entre 20 e 30 mil, de acordo com informações difundidas pelo diário Haaretz e a Russia Today, passaram frente às embaixadas dos EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália ou Canadá apelando à intervenção daqueles países, noticiou a AFP. Junto à oficina do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), denunciaram a recusa de Israel em avaliar os pedidos de asilo e a detenção de centenas de pessoas num campo de concentração construído para o efeito.
No domingo, o Alto Comissário, António Guterres, criticou Israel por não garantir «o acesso ao estatuto de refugiado», e o responsável da ACNUR no país considerou que «colocar os requerentes de asilo em condições desumanas pode forçá-los a regressar aos respectivos países antes da apreciação do pedido».
Antes, a ACNUR já se havia pronunciado contra as alterações legislativas apelidadas de «anti-infiltração», sublinhando que estas não correspondem ao espírito da Convenção sobre Refugiados, de 1951.
O governo israelita, através do responsável pelo Ministério do Interior – entidade que desde 2009 tem a seu cargo a apreciação dos pedidos de asilo –, reagiu reiterando o discurso racista e xenófobo que culminou com a aprovação do pacote legislativo, há cerca de três semanas e meia. Para Gideon Sa'ar, o protesto não «definirá a política nacional de Israel», disse, antes de chamar aos manifestantes «infiltrados africanos».
De acordo com as autoridades, cerca de 60 mil africanos entraram clandestinamente no país nos últimos sete anos, a maioria passando a fronteira com o Egipto. No ano passado, Israel lançou uma campanha para os fazer regressar aos países de origem.
Meios de comunicação locais indicam que para além das marchas, os imigrantes, na sua maioria trabalhadores domésticos ou da construção civil, cumpriram uma greve de três dias.