Balanço do primeiro mês de mandato em Loures

20 milhões em dívida

Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures, fez um balanço do primeiro mês de mandato à frente dos destinos do município. O eleito do PCP reconheceu estar perante «uma situação financeira pior do que a esperada», tendo de assumir uma dívida de compromissos que «ascende a mais de 20 milhões de euros».

Loures conseguirá voltar a ser uma referência de boa gestão

«A situação que encontrámos nesta autarquia ultrapassou as expectativas mais negativas que tínhamos, seja a nível da degradação financeira, seja quanto à degradação da estrutura municipal», começou por dizer, no dia 22, Bernardino Soares aos jornalistas que se juntaram no salão nobre dos Paços do Concelho para uma conferência de imprensa convocada para o efeito.

«No plano financeiro, encontrámos um elevadíssimo nível de compromissos assumidos e não pagos, de mais de 20 milhões de euros, a que se vão acrescentando – a um ritmo quase diário – despesas assumidas que não cumpriram os procedimentos legais de aprovação no município e que, só em obras feitas, ultrapassam o montante de um milhão de euros», acrescentou.

No balanço do primeiro mês do mandato autárquico, Bernardino Soares deu ainda a conhecer o trabalho efectuado e as medidas que estão já implementadas. Entre estas, destaque para a auditoria à gestão e à situação financeira do município, a avaliação das avenças e da prestação de serviços, além do pagamento do empréstimo a curto prazo, das transferências para as corporações de bombeiros e juntas de freguesias, bem como a renovação de contratos a levar a concurso.

O autarca chamou também à atenção para a eleição do novo Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Loures e da GesLoures, para além da resposta dada «às emergências que existiam na Câmara e nos SMAS», designadamente na «adjudicação de contratos para a manutenção das viaturas, limpeza de instalações e fornecimento de géneros alimentares para o refeitório». Bernardino Soares foi ainda mais longe: «Retomámos, igualmente, a lavagem dos contentores do lixo, que inexplicavelmente tinha deixado de acontecer».

Também as reivindicações da Câmara de Loures junto do Ministério da Educação não foram esquecidas, nomeadamente no que diz respeito à «exigência do pagamento de verbas que se encontram em atraso desde 2011», assim como ao Ministério da Administração Interna «para debater as necessidades de reforço dos serviços que tutelam o concelho» e, por fim, ao Ministério da Saúde «para resolução de questões ligadas ao Hospital Beatriz Ângelo e aos centros de saúde da Bobadela e de Santa Iria de Azóia».

Arrumar casa

O presidente da Câmara de Loures aproveitou a conferência de imprensa para adiantar as próximas medidas a tomar: «Estamos a construir um orçamento para 2014 fortemente condicionado pela situação, encargos e compromissos atrasados», alertou. «Teremos de adoptar inevitáveis medidas de redução da despesa. Nelas se inclui o combate ao desperdício, seja ele em viagens, em carros desnecessários, em avenças ou em muitas outras pequenas coisas que, todas juntas, somam muito.»

O eleito do PCP relembrou a decisão de não aumentar o IMI, aprovada em reunião camarária realizada a 20 de Novembro, «pois isso dificultaria ainda mais a vida de muitas pessoas que vivem neste concelho. Esperamos criar condições para poder propor uma diminuição da taxa do IMI, mesmo que moderada, no orçamento seguinte».

Em conclusão, Bernardino Soares deixou uma forte mensagem: «Estamos a arrumar a casa. O processo vai ser demorado e difícil, mas é este o caminho que pode devolver a autarquia aos munícipes. Estamos certos de que, com o empenho dos trabalhadores e a participação da população, o município de Loures conseguirá voltar a ser uma referência de boa gestão e de apoio aos habitantes deste concelho.»


Ultrapassar dificuldades

A Câmara de Loures endereçou aos ministros da Saúde e da Administração Interna pedidos de reunião no sentido de discutir questões ligadas aos cuidados de saúde e de segurança no concelho. Numa missiva endereçada ao Ministério de Paulo Macedo, Bernardino Soares lembra que o concelho «com os seus mais de 200 mil habitantes, enfrenta diversas dificuldades no que diz respeito ao acesso aos cuidados de saúde». Nesse sentido, propôs uma reunião de trabalho para que possam ser encontradas soluções que «beneficiem as populações do município».

Entre as matérias em causa estão a referenciação dos utentes da zona oriental do concelho para o Hospital Beatriz Ângelo, a necessidade de reabertura da unidade de saúde da Bobadela, a construção de um novo equipamento em Santa Iria de Azóia, bem como a reabertura dos atendimentos prolongados em Santo António dos Cavaleiros e Sacavém/Moscavide.

As perspectivas de melhoria ou construção de novas instalações noutras freguesias; um ponto de situação sobre a questão dos recursos humanos disponíveis para o município de Loures; e outros aspectos relevantes de funcionamento das unidades de saúde, são outros dos temas referenciados no documento.

Já a nível da segurança, a autarquia solicitou ao Ministério da Administração Interna uma reunião de trabalho com vista a abordar questões relacionadas com a necessidade de reforço das forças de segurança e dos meios disponíveis para o território de Loures, sobre o Contrato Local de Segurança e a implementação da Polícia Municipal de Loures.




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