Protestos em Itália contra orçamento de austeridade

Salvar o povo do desastre

Cerca de 70 mil pessoas manifestaram-se no sábado, 19, em Roma, numa acção organizada por três confederações de comités de base contra as políticas de Letta.

Trabalhadores rejeitam políticas recessivas

«Protestamos contra uma austeridade que põe o país de joelhos», declarou Piero Bernocchi, porta-voz nacional da Confederação dos Comités de Base (COBAS), no sábado, durante a manifestação na capital italiana.

Já no dia anterior, cerca de 50 mil pessoas haviam percorrido o centro de Roma, durante uma jornada de greve geral, convocada à margem das principais centrais sindicais do país.

A paralisação, promovida pelas confederações COBAS, USB (União de Sindicatos de Base, filiada na Federação Sindical Mundial), e pela CUB (Confederação Unitária de Base), registou uma assinalável adesão em vários sectores da administração pública, nas telecomunicações, transportes urbanos, nas unidades do grupo Fiat, bem como no transporte aéreo e controladores de voo, levando ao cancelamento de centenas de voos nos aeroportos de Roma, Nápoles, Milão e Bolonha.

Congratulando-se com o êxito dos dois protestos, a USB salientou em comunicado que, ao contrário do que os órgãos de informação anunciavam, a manifestação de sábado não pôs Roma a «ferro e fogo».

Com efeito, o desfile decorreu de forma ordeira. Alguns incidentes registados entre grupos isolados e as forças policiais dificilmente poderão justificar a presença do enorme dispositivo policial, que mobilizou cerca de quatro mil agentes.

Intervindo na Praça de San Giovanni, na sexta-feira, 18, Pierpaolo Leonardi, do Executivo Nacional da USB, considerou que as dezenas de milhares de manifestantes presentes demonstram que «existe a alternativa sindical», criticando a passividade das maiores centrais sindicais do pais.

Por sua vez, as três principais confederações sindicais (CGIL, CISL e UIL) admitiram convocar uma greve geral, tendo repudiado em uníssono o orçamento do Estado apresentado na semana passada pelo governo de coligação, liderado por Enrico Letta.

A proposta prevê o aprofundamento das medidas de austeridade, com vista a reduzir o défice público de três por cento este ano para 2,5 por cento em 2014.

Os sindicatos em geral contestam em particular a manutenção do congelamento dos salários e pensões e das admissões na administração pública e denunciam que a anunciada redução marginal dos impostos sobre os rendimentos do trabalho é anulada pelo aumento das taxas sobre os serviços públicos locais.

Como observou Bernocchi, «mesmo depois de demonstrados os efeitos desastrosos da política de austeridade, com uma dívida que não pára de aumentar, uma economia que se afunda e um desemprego crescente, eles continuam obstinados em seguir esta via». E concluiu que «a saída da austeridade só pode ser imposta por um grande movimento de protesto convergente, por uma poderosa e ampla revolta social».

A Itália está em recessão desde meados de 2011, o desemprego galgou de oito por cento para 12,5 por cento e a dívida pública de 120 por cento para 135 por cento do PIB. 

 



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