Polacos exigem demissão de Tusk

Cem mil nas ruas

Mais de cem mil pessoas deram corpo, no sábado, 14, a uma das maiores manifestações realizadas na Polónia nos últimos anos, que foi o ponto culminante de quatro dias de protestos.

Crise e políticas anti-sociais geram protestos

Num momento em que a economia estagnou e se acentuam as medidas antilaborais e anti-sociais, os principais sindicatos polacos ameaçam convocar uma greve geral para derrubar o governo liberal de Donald Tusk.

«Estamos a tornar-nos escravos no nosso próprio país» declarou o líder do Solidariedade, principal central sindical do país, mostrando-se indignado com «o desprezo do poder pelos operários».

No mesmo tom, Jan Guz, líder da central OPZZ, garantiu que os trabalhadores «não aceitarão mais uma política que conduz à pobreza e à miséria. Vamos derrotar um governo que não defende os interesses dos trabalhadores.

Reflectindo o descontentamento que alastra no país, milhares de pessoas afluíram à capital em centenas de autocarros que partiram de várias regiões. Entre os manifestantes destacavam-se os mineiros e metalúrgicos da Silésia (Sul) e os operários dos estaleiros navais de Gdansk (Norte).

Os sindicatos exigem a reposição da idade da reforma aos 65 anos, limite aumentado para os 67 anos pelo governo de Tusk, bem como a subida dos salários e a revogação de uma recente lei que permite o alargamento do horário de trabalho.

A estagnação da economia é outra das preocupações dos sindicatos, que temem que a crise se instale e o desemprego dispare. Apesar de ter conhecido um crescimento económico durante vários anos, a Polónia aproximou-se da recessão no primeiro trimestre com a economia a crescer apenas 0,4 por cento.

Neste contexto, as sondagens revelam uma crescente impopularidade da Plataforma Cívica (PO) de Tusk, atribuindo-lhe 21 a 25 por cento das intenções de voto.

Em contrapartida, o partido conservador Direito e Justiça (PiS), dirigido pelo antigo primeiro-ministro, Jaroslaw Kaczynski, volta a subir nas sondagens podendo aspirar a 34 por cento dos votos.

No parlamento, o governo de Tusk, coligado com o partido camponês (PSL), conta com uma maioria absoluta tangencial de apenas dois deputados, após ter sido enfraquecida com a defecção de três deputados liberais.




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