Luta persistente
Os trabalhadores da Dublin Bus, empresa de transporte urbano rodoviário da capital irlandesa, cumpriram três dias de greve, após 14 longos meses de negociações fracassadas.
Cortes ameaçam direitos e regalias
A greve começou à meia-noite de dia 3, data em que a administração da empresa pública começou a aplicar unilateralmente as medidas de redução de custos, consideradas inaceitáveis pelos trabalhadores e sindicatos ao longo de mais de um ano de negociações.
Evocando a redução das subvenções do Estado, a Dublin Bus pretende reduzir custos de funcionamento no montante de 11,7 milhões de euros, para alcançar o equilíbrio financeiro.
Para tanto, procura impor cortes nos salários, horas extraordinárias, prémios, dias de férias, bem como aumentar o horário de trabalho e reduzir o número de carreiras em períodos de menor afluência.
A falta de acordo à mesa das negociações levou o Tribunal do Trabalho a intervir no processo para aproximar posições.
Uma das suas recomendações foi no sentido de limitar os cortes nos salários e outras prestações a um prazo de 19 meses, findo o qual a empresa deveria repor as condições anteriores.
Todavia, o NBRU (Sindicato Nacional de Autocarros e Caminhos-de-Ferro da Irlanda) e o SIPTU (Sindicato de Serviços Industriais e Técnicos Profissionais), que representam cerca de 2500 motoristas, denunciaram a má-fé da administração, que se recusou a dar garantias de que as medidas teriam um carácter transitório.
Desafiando as pressões do governo e da empresa, os trabalhadores decidiram-se pela greve. Nos dias 5, 6 e 7, a capital irlandesa ficou sem autocarros.
Os grevistas foram acusados pelo ministro dos Transportes, Leo Varadkar, de prejudicar os utentes, impedindo-se de chegar aos seus empregos.
Por seu turno, a administração alardeou que a greve estava a agravar ainda mais a situação financeira, custando por dia 600 mil euros à empresa.
No final da terceira jornada de greve, as partes acordaram voltar à mesa das negociações, recorrendo mais uma vez à intermediação do Tribunal do Trabalho.
À saída da reunião que durou 12 horas, os representantes sindicais foram prudentes nas declarações, salientando apenas que a reabertura das negociações era em si um progresso. Mas nada está ainda decidido.
A administração acedeu a limitar os cortes a um período máximo de 19 meses, comprometendo-se a repor as condições findo esse prazo ou assim que seja alcançado o equilíbrio financeiro. O que ocorrer primeiro.
Aceitou igualmente reduzir o aumento do horário de trabalho de 36 para 38 horas semanais para o pessoal administrativo em vez de 36 para 39 horas. Os pontos acordados foram esta semana discutidos pelos trabalhadores, estando prevista, para sexta-feira, 16, uma votação final.
Entretanto, os trabalhadores dos caminhos-de-ferro anunciaram que apoiarão a luta na Dublin Bus caso o conflito não seja resolvido.