Para derrotar o Governo e a política de direita

PCP apela ao reforço da luta

Jerónimo de Sousa – reagindo à declaração do Presidente da República, no domingo – apelou à «intensificação da luta dos trabalhadores e do povo» para acelerar a queda deste Governo.

Está nas mãos dos trabalhadores e do povo impedir o desastre

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Numa conferência de imprensa realizada na sede central do Partido, em Lisboa, o Secretário-geral do PCP considerou que a decisão anunciada pelo Presidente da República de manter em funções o actual Governo, até ao fim da legislatura, «confirma a inteira cumplicidade com que Passos Coelho e Paulo Portas têm contado» nos seus projectos de «destruição nacional». Cavaco Silva, ao não assumir o poder que «tem e devia exercer de dissolução da Assembleia da República», deixa bem evidente a sua opção estratégica: intervir «ao serviço dos interesses do grande capital e do directório de potências que têm em curso um processo de exploração, extorsão dos recursos nacionais e dos rendimentos dos portugueses», sublinhou o dirigente do PCP.

Jerónimo de Sousa insistiu na necessidade de dissolução da Assembleia da República e de convocação de eleições antecipadas como única «saída digna e democrática» para a actual situação de crise – marcada pelo «inaceitável espectáculo de degradação política, os repetidos atropelos à lei fundamental do País, a manifesta situação de não funcionamento regular das instituições, a descredibilização ética do Governo e da maioria, o seu isolamento social» –, considerando, por isso, que o Presidente da República é agora, mais do que antes, responsável por «todas as consequências do prosseguimento da acção do Governo e do rumo para o abismo económico e social».

Para o Secretário-geral do PCP, o comprometimento do Presidente da República com este Governo assenta na «deliberada atitude de criar as condições para que este possa prosseguir já no Orçamento do Estado o roubo nos salários e rendimentos dos trabalhadores e do povo, novos cortes nas funções sociais do Estado, na protecção social, milhares de despedimentos na Administração Pública, novos passos na ruinosa política de privatizações».

Romper com a política de direita

Rejeitando «as manobras de incitação ao medo» com que o PR «tenta justificar o injustificável», Jerónimo de Sousa afirmou que não são as eleições a fonte dos problemas – elas são «uma oportunidade para o povo português poder afirmar a sua vontade de inverter o caminho de exploração, empobrecimento e declínio nacional» –, mas antes a permanência em funções deste Governo sem legitimidade política é que constitui um «factor de agravamento para o País».

«Perante um Governo e uma maioria que sofreram um abalo irreparável, a questão que se coloca já não é a de se serão derrotados, mas sim a do desenvolvimento e intensificação da luta dos trabalhadores e do povo para acelerar a sua derrota», disse, reiterando de seguida o apelo do PCP às forças sociais e políticas, a todos os democratas e patriotas «para a convergência e mobilização capaz de romper com a actual política e assegurar um rumo de desenvolvimento, soberania e progresso social».

Sublinhando que o «país precisa do PCP e da CDU, dos seus valores de trabalho, honestidade e competência, e da sua entrega e dedicação aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo», Jerónimo de Sousa lembrou que o povo português tem «no reforço da CDU, a começar nas eleições para as autarquias locais, um importante momento para afirmar a sua determinação em dar força e expressão à ruptura com a política de direita e à afirmação de uma alternativa política patriótica e de esquerda».

Por último, enfatizou o facto de que, na actual situação, «está ainda mais nas mãos dos trabalhadores e do povo, com o uso de todos os direitos que a Constituição consagra, a possibilidade de impedir o desastre nacional e de abrir caminho a um Portugal com futuro».

 

Encontros com forças políticas e sociais

No âmbito dos encontros propostos pelo PCP a diversas forças políticas e sociais, com vista à avaliação da situação política e dos desenvolvimentos decorrentes da crise política e institucional originada pela concretização do pacto de agressão, uma delegação do PCP reuniu-se com uma representação da CGTP-IN na quarta-feira, 17 de Julho, efectuou reuniões com o Bloco de Esquerda, o Partido Ecologista «Os Verdes» e a Associação Intervenção Democrática, na sexta-feira, 19 de Julho, e com a ABIC – Associação de Bolseiros de Investigação Científica, anteontem, terça-feira.

Em declarações realizadas no final desses encontros, o Secretário-geral do PCP afirmou que existe uma política alternativa à via do desastre e do afundamento do País, uma política patriótica e de esquerda, que tem como eixos a rejeição do pacto de agressão, a renegociação da dívida, o reforço do aparelho produtivo e o aumento da riqueza nacional, a devolução aos Portugueses do que lhes foi confiscado, a defesa dos serviços públicos, condição para assegurar um Portugal com futuro, de justiça social e progresso, um país soberano e independente.



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