Desorientação, mentira e ameaça

Carlos Gonçalves

O Governo PSD/CDS-PP revela cada vez mais desorientação, não porque tenha perdido os objectivos de classe do seu código genético e que lhe estão traçados por quem decide – o capital financeiro –, nem porque seja mais incompetente do que qualquer outro dos governos da política de direita (mesmo que pareça), mas porque o crescimento da resistência de massas à sua política agrava a teia das suas dificuldades, potencia e aprofunda as suas contradições.

O que todos sabíamos, incluindo os autores do pacto de agressão, e que o PCP vezes sem conta previu e preveniu, vai-se tornando a realidade incontornável e brutal – esta política conduz o País ao desastre, ao empobrecimento e à dependência, e não resolve nenhum problema, nem a dívida, nem o défice, nem o desemprego, nem a regressão e a injustiça social, nem o desenvolvimento.

Afogado na armadilha da dívida, «gato-sapato» dos especuladores e da troika internacional, o País confronta-se com um Governo de «intrujas» que todos os dias inventa novas patranhas para mistificar ou impingir o inaceitável. O chorrilho de mentiras não pára de crescer, como na usurpação dos subsídios de férias da Administração Pública, na falsa proposta de data de exames e na greve dos professores, ou na manipulação do prazo anunciado de corte dos 4700 milhões de euros. Mas tanta aldrabice destrói a já escassa credibilidade do Governo e lança a desorientação nas suas encolhidas hostes.

Confrontado com a greve geral de dia 27, o Governo responde com a arrogância, menospreza a luta dos trabalhadores e o impacto da exigência da sua demissão e aposta na ameaça crescente: manda prender manifestantes e fabrica condenações sumárias, agrava a «avaliação de risco» pelo SIS, mobiliza forças de segurança em peso, incluindo a Guardia Civil espanhola, como em Elvas, propõe a alteração da Lei da Greve e antecipa nos media as acções provocatórias que possam encaixar no seu objectivo de desmobilizar a luta.

Com confiança, a greve geral vai dar a justa resposta às ameaças do Governo, vai agravar a sua desorientação e alargar a exigência da sua demissão e de uma nova política para o País.



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