FARC-EP optimistas e firmes
No final de um novo ciclo das conversações de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) e governo colombiano, ambas as partes declaram-se optimistas quanto a um acordo sobre a questão agrária. FARC-EP e representantes do regime manifestaram satisfação para com o curso do processo, e confiança quanto à possibilidade de se alcançar um entendimento em matérias como a reforma e a democratização da terra, o desenvolvimento social, o estímulo à produção agro-pecuária e à economia solidária e cooperativa, segundo o comunicado conjunto emitido a semana passada.
No final dos encontros reiniciados no dia 22 de Abril, no Palácio de Convenções, em Havana, Cuba, o chefe da delegação guerrilheira, Iván Márquez, valorizou, por seu lado, a recente marcha pela paz integrada por milhares de colombianos, bem como o fórum que decorreu entre 28 e 30 de Abril, em Bogotá, sob os auspícios das Nações Unidas e do Centro de Pensamento para a Paz da Universidade Nacional, centrado na discussão dos critérios de participação política no país, o próximo dos seis pontos inscritos na agenda negocial. As cerca de 400 propostas resultantes da iniciativa, na qual participaram 18 organizações comunitárias e sociais e partidos políticos, serão agora levadas às conversações e analisadas pelas FARC-EP e pelo governo da Colômbia.
«Mais que para a guerrilha, o que exigimos ao Estado é a [garantia de] participação política dos cidadãos, democracia plena», pois «um governo democrático não persegue nem reprime a opção política. Educa os cidadãos e os militares na cultura da tolerância. Não permite o assassinato de quem reivindica as suas terras violentamente usurpadas. Contém a mão criminosa que [entretanto] começou a exterminar dirigentes da nascente Marcha Patriótica», frisou Márquez, antes de reiterar o apelo à manutenção da mobilização popular com o objectivo de impedir tentativas de «sabotar os esforços de reconciliação e os avanços» registados.
Nas conclusões da oitava ronda de conversações, iniciadas a 19 de Novembro do ano passado, e que se prevê que sejam retomadas na próxima quarta-feira, 15, as FARC-EP notaram ainda como positiva a oposição do Conselho dos Direitos Humanos da ONU à «expansão da jurisdição militar», aprovada em Dezembro de 2012 pela maioria dos deputados eleitos no Congresso colombiano, considerando que aquela reforma «favorece a impunidade» dos que «executaram terríveis crimes de lesa humanidade como políticas de Estado», disse Jesús Santrich. A esse propósito, o membro da delegação das FARC-EP advogou, igualmente, a «profunda restruturação do regime de terror dominante» como condição para «superar as profunda desigualdades sociais, a miséria crescente e a violação dos direitos humanos na Colômbia».
Uma sondagem recente efectuada pela Gallup indica que cerca de dois terços dos colombianos defendem que o diálogo entre FARC-EP e governo deve prolongar-se até que seja alcançado o fim do conflito armado.