Regiões combatem despejos
Os governos regionais da Catalunha e das Canárias (Espanha) anunciaram medidas para reduzir o número de famílias desalojadas por falta de pagamento, cujo número não pára de crescer, acompanhando a escala do desemprego.
Segundo os números oficiais, divulgados dia 25, a taxa de desemprego galgou para os 27,16 por cento no final do primeiro trimestre, o pior registo em mais de 37 anos, ultrapassando pela primeira vez os seis milhões de desempregados.
Face ao desespero das famílias, o governo regional das Canárias decidiu expropriar temporariamente habitações, cujos proprietários estão ameaçados de despejo pelos bancos.
A medida, anunciada dia 24, deverá vigorar por pelo menos três anos e destina-se a garantir que as famílias mantenham o seu alojamento durante esse prazo.
As autoridades do arquipélago pretendem também elaborar uma lista de casas vazias com o objectivo de forçar os bancos e imobiliárias que as possuem a colocá-las no mercado de arrendamento a preços acessíveis para quem mais necessita.
No mesmo sentido, o governo regional da Catalunha anunciou a introdução de uma taxa sobre as casas desabitadas na posse dos bancos e imobiliárias para incentivar o arrendamento.
De acordo com dados oficiais catalães, só em Barcelona há 450 mil casas vazias, 80 mil das quais de construção recente.
No princípio de Abril, o governo da Andaluzia, que regista a maior taxa de desemprego em toda a Espanha, já tinha avançado com medidas de expropriação para salvaguardar o direito à habitação. As famílias abrangidas deverão pagar uma renda modesta ao governo regional.
Esta resposta de algumas autoridades regionais já foi criticada pela Associação Espanhola de Bancos, cujo presidente, Miguel Martin, se queixou de a Espanha estar a seguir o caminho da Argentina, aludindo aos processos de nacionalização de empresas espanholas por parte do governo de Buenos Aires.
Em Madrid, as reacções também não foram de apoio. O primeiro-ministro Mariano Rajoy considerou suficiente a nova legislação aprovada sobre as amortizações das hipotecas e acusou as regiões de estarem a tomar medidas «populistas».
Todavia, os movimentos de protesto contra os despejos consideram um logro as alterações aprovadas pelo parlamento e insistem na necessidade de medidas eficazes que evitem os despejos e libertem de encargos as famílias que já entregaram as suas casas aos bancos.