No âmbito dos encontros que tem vindo a realizar com o objectivo de dar a conhecer as conclusões do XIX Congresso e a sua proposta de uma política patriótica e de esquerda, o PCP recebeu no dia 14 uma delegação da Confederação Nacional da Agricultura. Em declarações à imprensa, Jerónimo de Sousa (que integrou a delegação do PCP, juntamente com João Frazão, da Comissão Política, Agostinho Lopes, do Comité Central, e o deputado João Ramos) alertou para o grave problema do défice alimentar do País, que atinge uma dimensão inédita e preocupante.

Para o PCP, a superação deste défice, para além de todos os outros, é uma questão «central, estratégica, porque está em causa a nossa soberania alimentar». Após garantir que Portugal tem condições para produzir mais produtos alimentares, o Secretário-geral do Partido criticou severamente a perda de 500 milhões de euros de fundos comunitários na área do desenvolvimento rural. Bem pode o Governo vir «cantar vitória» que a realidade é que o orçamento comunitário é uma «derrota para o País».

Também o dirigente da CNA Pedro Santos considerou uma «grande derrota para Portugal» estas negociações, acrescentando que «aos 500 milhões de euros cortados para o desenvolvimento rural, soma-se uma perda de 250 milhões de euros de comparticipação nacional». Essa verba, garantiu, dava para financiar a instalação de jovens agricultores durante 14 anos.

Realçando que o escoamento dos produtos e o preço dos factores de produção são alguns dos principais problemas que enfrentam hoje os pequenos e médios agricultores, o representante da CNA rejeitou o discurso do Governo relativo ao suposto «oásis» da agricultura portuguesa.