- Os privilegiados
As lutas em curso não têm como objectivo defender «privilégios» dos trabalhadores. Quando o Governo fala em privilégios dos trabalhadores das empresas públicas de transportes, pretende que todos aceitem como norma os salários baixos.
Privilégios, nas empresas públicas de transportes, têm os gestores nomeados pelos governos: salários elevados, ajudas de custo, carros, combustível, motoristas, telemóveis e outras benesses. O que recebem não depende do valor daquilo que produzem. São pagos para executarem as políticas do Governo no sector, responsáveis pela situação difícil em que estão as empresas e que justifica o ataque aos salários e o aumento das tarifas.
O actual presidente da administração comum da Carris e do Metropolitano de Lisboa é apontado como o assalariado mais caro da Carris, o que mais prejuízos provoca à empresa e o que mais foi aumentado, quando nenhum trabalhador teve qualquer aumento.
Em 2011, José Manuel Silva Rodrigues, como presidente da Carris, teve uma remuneração-base anual fixa de 96 926,00 euros, que, com as reduções diversas, representou uma remuneração anual efectiva de 82 871,00 euros. Recebeu ainda 1185,00 euros de utilização de comunicações móveis, e 2207,00 euros de combustível (carro atribuído pela empresa).
Desde que foi nomeado presidente da administração conjunta da Carris e do Metro (Agosto de 2012), a remuneração subiu para 107 576,00 (valor ilíquido): 80 108,00 euros de vencimento ilíquido (5722,00 euros em 14 meses) e 27 468,00 euros de despesas de representação (2289,00 euros em 12 meses). Mesmo sem se saber qual será o valor após os cortes de lei, a remuneração anual fixa aumentou consideravelmente. O plafond de comunicações móveis baixou para 960 euros, mas a verba para combustível e portagens dispara para 6867,00 euros. Assim mandou o Governo que ataca os «privilégios», enquanto a lei impede há três anos que qualquer trabalhador seja aumentado, mesmo que evolua na sua situação profissional.