«Receita» ridícula para o SNS
O Movimento de Utentes de Saúde Pública (MUSP) do distrito de Évora lamentou, em nota de imprensa, as declarações do secretário de Estado da Saúde sobre a necessidade de os cidadãos reduzirem o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e acusou o Governo de contribuir para o «agravamento de doenças e não para a sua prevenção». «Podemos descrever muitas das situações que mostram o contributo do Governo para a destruição do SNS e para o agravamento das doenças dos portugueses», salientam os utentes, referindo-se à falta de médicos de família, de enfermeiros e outros profissionais, assim como o excessivo tempo de espera para uma consulta de especialidade e para uma cirurgia, aos aumentos brutais das taxas moderadoras e dos medicamentos, ao corte das credenciais de transporte a doentes não urgentes, ao encerramento de serviços de proximidade sem alternativas credíveis.
«É vergonhoso que esse mesmo secretário de Estado tenha vindo afirmar que foi no Alentejo onde diminuíram mais as despesas com os transportes de doentes não urgentes. Faltou-lhe a coragem para afirmar quantas vidas se perderam no Alentejo por falta de assistência, muitos deles foram doentes que não continuaram os tratamentos devido à falta de dinheiro para pagar do seu bolso o referido transporte», acusou o MUSP, perguntando ao secretário de Estado e ao Governo «se já foi tomada alguma medida que contribua para a prevenção da doença», uma vez que «tem-se sentido um agravamento da doença e não a sua prevenção».
«O apelo do secretário de Estado da Saúde é ridículo, pois todos sabemos que não está apenas nas mãos dos utentes a prevenção das suas doenças. Consideramos que são necessários alguns cuidados por parte dos cidadãos, mas isso também implica mais interversão do Estado na forma da prevenção da doença, começando, em primeiro lugar, por assegurar os serviços mínimos no SNS, conseguindo detectar doenças patológicas a tempo dos tratamentos adequados», acrescentam os utentes de Évora.