Depoimento de Iannakis Thoma
no XIX Congresso do PCP *

A crise é o pretexto da ofensiva social

A crise do ca­pi­ta­lismo, que afectou todos os países do Sul da Eu­ropa, também atingiu a eco­nomia ci­priota. Temos um pro­blema com o sis­tema ban­cário do país, de­vido à sua forte li­gação com o sis­tema ban­cário da Grécia. Sa­bemos que as di­rec­ções do Banco Cen­tral do Chipre e dos prin­ci­pais bancos co­me­teram grandes erros, ad­mi­tindo que foram erros e não ver­da­deiros crimes.

A si­tu­ação da banca ci­priota é a prin­cipal razão que co­locou o go­verno pe­rante a ne­ces­si­dade de ini­ciar ne­go­ci­a­ções com a troika com vista à ob­tenção de um em­prés­timo e evitar a ban­car­rota do Es­tado.

Todos sa­bemos que nos países em que a troika en­trou, a si­tu­ação não me­lhorou mas pelo con­trário agravou-se. Por isso, o nosso go­verno tem con­du­zido ne­go­ci­a­ções muito di­fí­ceis com a troika que per­mi­tiram al­cançar um acordo, o qual ainda não foi as­si­nado.

Esta é uma si­tu­ação muito di­fícil para o nosso par­tido, já que somos o par­tido go­ver­nante de Chipre (os dois ou­tros par­tidos aban­do­naram o go­verno quando a si­tu­ação se agravou) e ti­vemos de ne­go­ciar este acordo com a troika que vai contra as nossas con­vic­ções.

Por todo o mundo, a crise do ca­pi­ta­lismo é usada como pre­texto para re­tirar di­reitos aos tra­ba­lha­dores. Isto foi fa­ci­li­tado pelo de­sa­pa­re­ci­mento da União So­vié­tica e dos países so­ci­a­listas do Centro e Leste eu­ropeu. Os ca­pi­ta­listas dei­xaram de ter uma razão para manter os di­reitos do povo tra­ba­lhador e agora têm uma grande opor­tu­ni­dade para os re­tirar.

Por outro lado, esta crise está a ser apro­vei­tada pelos EUA e pelos países ricos da Eu­ropa não só para ex­plorar os tra­ba­lha­dores mas também para do­minar os países mais po­bres do euro.

Na si­tu­ação di­fícil que o Chipre atra­vessa ti­vemos de al­cançar um acordo. O Go­verno es­forçou-se por li­mitar as exi­gên­cias da troika, de­sig­na­da­mente no que res­peita aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, tendo fi­cado es­ta­be­le­cido que a sus­pensão de al­guns di­reitos não será de­fi­ni­tiva mas apenas tem­po­rária.

Mas todos com­pre­en­demos que será ne­ces­sário lutar ar­du­a­mente no fu­turo para re­cu­perar esses di­reitos.

O go­verno está a tra­ba­lhar com os sin­di­catos e todas as or­ga­ni­za­ções po­pu­lares com o ob­jec­tivo de li­mitar ao má­ximo as con­sequên­cias eco­nó­micas e so­ciais do acordo com a troika.

* Membro do Bu­reau Po­lí­tico do Par­tido Pro­gres­sista do Povo Tra­ba­lhador (AKEL de Chipre)



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