Defender salários e direitos
O PCP vai inquirir o Governo quanto às medidas que este pensa adoptar relativamente à Auto-Europa, não apenas do ponto de vista dos investimentos para a produção de futuros carros e novos modelos, mas também para garantir neste período mais difícil os postos de trabalho.
Com o pacto de agressão não há perspectiva de progresso
Esta diligência surge na sequência do anúncio de que a fábrica de Palmela irá parar um mês inteiro, o que terá incidências nas empresas do Parque. A bancada comunista quer saber, designadamente, o que é que está previsto no que se refere a iniciativas de formação dos trabalhadores (quer da Auto-Europa quer das restantes empresas do Parque), uma vez que estes são altamente qualificados e serão necessários no momento em que haja um incremento da produção.
Estas iniciativas do Grupo Parlamentar do PCP vêm na linha das preocupações expressas na audição por si realizada sexta-feira passada na AR com representantes dos trabalhadores da Auto-Europa e das empresas do Parque Industrial da Auto-Europa.
O principal receio, face às quebras de produção, é que as ameaças e chantagens em curso sobre os trabalhadores visem sobretudo pôr em causa os postos de trabalho e, no seguimento disso, atacar direitos como seja diminuir salários, alargar horários de trabalho ou imputar aos trabalhadores o custo pelas paragens de produção.
Levantar a cabeça
Para o deputado comunista Francisco Lopes, que presidiu à audição, o «caminho não pode ser esse». Ao invés, defende, o que é necessário é a «melhoria dos salários, a melhoria da capacidade aquisitiva, a garantia dos direitos».
Porque, explicou, só isso pode permitir que haja mais poder de compra e, por essa via, desde logo, «desenvolver a actividade económica em todas as áreas e também no próprio sector automóvel».
O caminho, por conseguinte, conforme foi dito na audição, «não é baixar a cabeça e permitir que baixem os salários até passar a tempestade, porque isso só aumentará a tempestade».
«O que é necessário é levantar a cabeça, defendendo os salários e direitos, procurando que sejam aumentados», sustentou Francisco Lopes, convicto de que essa é a forma de «combater a tempestade», isto é, «criar condições para que haja mais produção, para que ela possa ser adquirida, para defender os postos de trabalho, para que se criem mais postos de trabalho, para que haja melhores condições de vida e desenvolvimento».
Rejeitar o pacto
Reafirmada pelo deputado do PCP como «questão essencial» foi entretanto a tese segundo a qual uma perspectiva de progresso – para este sector como aliás para todos os outros – só é possível com «uma ruptura com esta política de direita», que traz no bojo a regressão social, só é possível com a «rejeição do pacto de agressão e a adopção de um caminho, de uma estratégia nacional de desenvolvimento, de reindustrialização do País que passa também pela melhoria das condições de vida».
Dito de outro modo, «uma política patriótica e de esquerda, colocando os valores de Abril no futuro de Portugal». E para isso, como sublinhou Francisco Lopes, é fundamental a acção do PCP, do mesmo modo que é determinante a luta dos trabalhadores, «prosseguindo e ampliando esta grande acção que está cada vez mais a verificar-se no País», com reconhecida expressão na recente greve geral, na concentração de anteontem, 27, e nas acções já marcadas como é a da CGTP-IN para 15 de Dezembro.