Milhares em Baiona
Cerca de 15 mil pessoas manifestaram-se no sábado, 10, na cidade francesa de Baiona, exigindo respeito pelos direitos dos presos e refugiados políticos bascos.
Bascos pedem amnistia para os presos políticos
O protesto teve lugar 10 dias depois da polémica detenção e extradição da cidadã francesa Aurore Martin, hoje encarcerada em Madrid. Esta militante independentista foi privada da liberdade ao abrigo do mandado de detenção europeu, emitido pelas autoridades espanholas, por pertença ao Batasuna, partido proibido em Espanha, mas que é legal em França.
A sua extradição, um acto sem precedentes da parte do governo francês, suscitou críticas e protestos de vários quadrantes políticos dos dois lados da fronteira. À condenação generalizada dos bascos em Espanha, juntaram-se figuras de vários partidos da esquerda francesa, incluindo o presidente socialista da região da Aquitânia, Alain Rousset, que escreveu ao primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, pedindo-lhe que interceda junto do seu homólogo espanhol, Mariano Rajoy, com vista à rápida libertação e regresso a França de Aurore Martin.
«Não seria desejável que o encarceramento de uma compatriota nossa, que não cometeu nem participou em qualquer acto de violência, e a sua possível condenação a uma pesada pena de prisão destruam o clima de apaziguamento no País Basco», escreveu Rousset numa missiva divulgada pela AFP.
A manifestação, que decorreu debaixo de chuva, foi convocada pela associação Herrira, que pugna pelos direitos dos presos políticos bascos nos dois países. Nela fizeram-se representar uma grande delegação da coligação EH Bildu, encabeçada por Laura Mintegi, primeira candidata da formação nas recentes eleições para o parlamento basco.
Entre os manifestantes estava também a deputada socialista francesa, Colette Capdevielle, que considerou o destino dos presos bascos como um «elemento chave para a resolução do conflito».
Do País Basco espanhol vieram mais de 70 autocarros com familiares e amigos dos presos, que desfilaram mostrando as suas fotografias e clamando «amnistia agora, presos para casa».
Segundo dados da Herrira existem neste momento 629 presos políticos bascos, 132 dos quais em prisões francesas e 483 em prisões espanholas.
A associação exige o fim da dispersão dos detidos, muitos deles a centenas de quilómetros do seu país e das suas famílias, e pede a libertação de 14 presos doentes e de 169 outros, a quem pode ser concedida liberdade condicional.