O governo «morto-vivo»
Vivemos um avanço vigoroso da luta de classes e de massas, em que a história está a acelerar e se decide o presente e o futuro dos trabalhadores, do povo e do país. Esta política de direita, de trinta e seis anos de declínio, entrou, com o pacto de agressão, de roubo e desastre nacional, numa fase em que são cada vez mais «os de baixo» que «não querem» viver como até aqui, e são também cada vez mais «os de cima» que dão sinal de que «não podem» continuar por este caminho.
A este respeito, anda por aí a tese de que «o Governo está morto». Nela se empenham criaturas muito diversas, de áreas e sectores (longe dos trabalhadores) que constatam a desgraça e apontam a necessidade de «mudanças». Alguns estão de serviço à encenação do CDS-PP de que a «coligação acabou» e só há Governo até ao OE. Há os pajens do cavaquismo que querem o poder «tecnocrático» do PR. Há os oportunistas do BE (e outros) que visam parar a luta organizada, fazer «pontes» para branquear o PS e, «em nome da esquerda», negociar com Seguro. E há Mário Soares e Seguro que querem que o PS não se envolva (mais) no Governo e que uma possível «solução presidencial» lhes facilite o «poleiro» no futuro. No fundo, todos querem «mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma», mais federalismo, euro e pacto de agressão.
Agora ressurgiu a tese de que afinal «o Governo está vivo» (embora a precisar de remendos). Garantem-no Passos Coelho, Relvas e também (de longe) Rebelo de Sousa e certos barões do PSD. Querem «unir as tropas», dar força ao Relvas e quejandos e prosseguir, sem «hesitações ou desistências», o sagrado caminho das troikas para felicidade dos «mercados» e castigo exemplar deste povo «piegas», que «vive há décadas acima das suas possibilidades».
Mas a verdade é que o Governo é um «morto-vivo». Pertence ao passado, está batido e isolado pela luta de massas e urge a sua saída e a derrota desta política. Só ainda governa porque manda «a vontade que o ata ao leme» – os interesses do capital financeiro, das troikas, do saque e do desastre do País.
A luta de massas acabará por decidir. Num daqueles dias que «concentram vinte anos», escrever-se-á o epitáfio – Está «radicalmente» morto e enterrado «bem fundo» este Governo e a política de direita.