Jerónimo de Sousa nos Açores

Arranca a campanha para as eleições regionais

Os primeiros três dias da campanha para as eleições regionais dos Açores contaram com a presença do Secretário-geral do PCP, que apelou ao reforço na votação da CDU para acabar com as maiorias absolutas de alternância consecutiva do PSD e do PS.

É preciso que as pessoas despertem para o que aí vem

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No domingo, primeiro dia da campanha eleitoral, Jerónimo de Sousa visitou a Ilha do Faial, onde decorreu um jantar-comício, no Angústias Atlético Clube, no qual participaram mais de uma centena de pessoas. Acompanhado por Aníbal Pires, primeiro candidato da CDU, e João Decq Motta, cabeça de lista pelo círculo do Faial, o Secretário-geral do PCP denunciou a demagogia do PS, do PSD e do CDS, que pretendem ganhar os votos dos açorianos com promessas que, devido ao acordo por eles assinado com a troika, não podem concretizar. «Enquanto o pacto não for derrotado todas as promessas são vãs», sublinhou, destacando, por outro lado, a importância da luta dos portugueses, que já forçou o Executivo PSD/CDS a recuar nas alterações à Taxa Social Única (TSU), o que demonstra o crescente isolamento do Governo de Passos Coelho.

A terminar, Jerónimo de Sousa afirmou que o voto na CDU «é o voto na esperança», sendo decisivo «para um futuro diferente para o nosso povo».

Por seu lado, Aníbal Pires criticou a líder do PSD, Berta Cabral que, numa entrevista à RTP Açores, tentou desmarcar-se da política do Governo. «Se está contra a política de Passos Coelho, demita-se! Só assim as suas palavras terão algum significado», desafiou o candidato da CDU, sublinhando que é necessário «recuperar o presente e vencer a terrível crise que, no imediato, afecta o arquipélago». Nesse sentido, recordou as 11 «medidas de emergência» que a CDU propõe aos eleitores e que visam recuperar o rendimento das famílias. «Este sim é o único rumo possível para sairmos da crise», assegurou.

João Decq Mota também tomou a palavra, tendo salientado que votar no PSD, no CDS ou no PS «é aprovar a política da troika». «A única alternativa é dar mais força à CDU», frisou.

CDU é «a força de mudança»

No segundo dia, na Terceira, Jerónimo de Sousa e Aníbal Pires fizeram-se acompanhar por Paulo Santos, cabeça de lista da CDU por aquela Ilha, numa acção de contacto com a população em Angra do Heroísmo, onde ouviram as queixas dos terceirenses. Aníbal Pires voltou a chamar a atenção para a questão dos rendimentos dos açorianos, porque «o alcatrão e o cimento não resolvem os problemas dos terceirenses». «O que falta», assegurou, «é investir nas pessoas e assumir uma política centrada nos cidadãos e nos seus problemas». O candidato dirigiu ainda uma palavra de solidariedade e esperança aos idosos e reformados que têm sido das camadas mais sacrificadas pela política de direita e lembrou a indignidade que é alguém «trabalhar toda a vida para depois não ter dinheiro nem para os medicamentos, nem para a alimentação».

O Secretário-geral do PCP voltou a acusar PS, PSD e CDS de «enganarem os açorianos», salientando que a política nacional «não pode ser dissociada da política regional». «Esses que propõem mais empregos, que propõem viagens mais baratas, que defendem políticas sociais justas, são, no fundo, os mesmos que no plano nacional subscreveram esta política e estas medidas que resultaram no memorando da troika», acusou, em declarações aos jornalistas.

A quem encontrava nas ruas deixava uma mensagem de esperança. «Não deixes de votar porque é importante, para ver se a gente muda isto, senão eles dão cabo do resto. Podes contar com a CDU como força de mudança», afiançou Jerónimo de Sousa a um jovem natural de Angra de Heroísmo. De novo interrogado, o Secretário-geral do PCP lembrou que «é preciso que as pessoas despertem para o que aí vem e encontrem a melhor solução para os problemas nacionais e não o conformismo, a desistência e a resignação perante os mesmos».

Censura popular

Na terça-feira, Jerónimo de Sousa esteve na Ilha de São Miguel, onde contactou com a população de Vila Franca do Campo, de Água de Pau e de Ponta Delgada. Este dia ficou marcado pelo facto de, na segunda-feira, o PCP ter apresentado uma moção de censura ao Governo, porque a situação de crise do País «exige cada vez mais que a censura popular tenha expressão institucional». Interrogado em Vila Franca do Campo sobre a posição do PS, o Secretário-geral do PCP afirmou que aquele partido, ao não subscrever «uma moção desta natureza» fica «numa posição muito fragilizada: ou quis enganar com um discurso de esquerda» ou «vai enfiar a carapuça».

Neste sentido, desafiou o PS a abandonar a «posição contraditória» que tem tido e a votar favoravelmente a moção. No entanto, sublinhou, «quando apresentamos esta moção de censura não branqueamos o PS, as suas responsabilidades durante 36 anos e as suas responsabilidades recentes, a sua assinatura no memorando da troika».

Para o Orçamento do Estado de 2013, Jerónimo de Sousa prevê mais «medidas negativas» para o País. «Vem aí uma nova vaga, em que o Governo vai apresentar na União Europeia uma proposta para atingir os mesmo do costume: os trabalhadores e os reformados. Isto é uma situação insustentável», disse, criticando o facto de o Executivo já ter apresentado a Bruxelas medidas alternativas ao aumento da Taxa Social Única, sem ter em conta a opinião do povo português.

Garantir o futuro dos Açores

Para «vencer a crise», «ganhar o presente» e «garantir o futuro dos Açores», a CDU apresentou, no final de Setembro, o seu programa eleitoral para as eleições legislativas regionais de 14 de Outubro, que reúne os contributos de centenas de militantes e activistas, bem como de múltiplos cidadãos, e completa-se, naturalmente, na realidade concreta com os programas eleitorais da CDU em cada uma das ilhas dos Açores, dando corpo a um projecto político orientado para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada e um modelo de desenvolvimento sustentável e harmonioso.

«O projecto político da CDU assenta na certeza de que os açorianos não estão condenados à pobreza e ao subdesenvolvimento», lê-se no documento, que alerta, no entanto, para a «situação dramática no plano social, com o ressurgimento de graves situações de pobreza extrema, um empobrecimento generalizado das famílias e com o acentuar das desigualdades na distribuição do rendimento».

11 medidas de emergência

Para contrariar a situação, sem esquecer as profundas mudanças estruturais que são necessárias para tornar a Região mais desenvolvida, com maior coesão, justiça social e bem-estar para todos, a CDU propõe um conjunto de 11 medidas urgentes, com efeitos imediatos, para estancar o desemprego e o empobrecimento generalizado dos açorianos.

1 - Devolver integralmente os subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos.

2 - Aumentar o Salário Mínimo Regional.

3 - Aumentar o Complemento de Pensão para os 60 euros.

4 – Reforçar os meios da Inspecção Regional do Trabalho.

5 - Reduzir factura da electricidade.

6 - Alterar e aumentar o valor do Fundopesca.

7 - Criar um programa ocupacional dirigido à agricultura.

8 - Acabar com as taxas moderadoras.

9 - Distribuir gratuitamente livros escolares.

10 - Criar verdadeiros passes sociais.

11 - Um compromisso autonómico, no quadro do relacionamento institucional com a República e com a União Europeia, de aprofundamento do Estatuto de Região Ultraperiférica, que consagre o seguinte:

- Tarifas aéreas internas e externas de baixo custo e manutenção do Serviço Público de Transporte Aéreo sob a égide da Transportadora Aérea Regional (SATA);

- Manutenção da actual Lei das Finanças Regionais;

- Garantir os direitos de produção, designadamente, através da manutenção do regime de quotas e a criação de programas de apoio à produção e diversificação agrícola, dando corpo ao princípio – «Produzir Local, Consumir Local»;

- Recuperar a gestão das 200 milhas da nossa ZEE;

- Salvaguardar os interesses da Região na exploração dos Recursos dos Fundos Marinhos.

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Flores e Corvo
Contacto com as populações

Luísa Corvelo, cabeça de lista pela Ilha das Flores, e Aníbal Pires, primeiro candidato pelo círculo de compensação e pela Ilha de S. Miguel, participaram, no dia 28, numa acção de contacto com a população de Santa Cruz. Ali, o candidato apelou à mobilização dos açorianos contra a política de roubo dos rendimentos levada a cabo pelo Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, e frisou que as políticas de austeridade são as responsáveis pela ruína nacional e contrárias ao que o País precisa. «Precisamos de melhorar o rendimento das famílias para animar o mercado interno e voltar a pôr as nossas empresas a trabalhar e a contratar», afirmou o candidato da CDU, apelando aos açorianos para que se mobilizem, lutem e, no dia 14 de Outubro, «levem essa luta até ao voto, reforçando a única força política que desde o início se bateu contra este rumo de desastre, a CDU».

Desenvolver a Ilha do Corvo

No dia seguinte Aníbal Pires rumou até à Ilha do Corvo, onde declarou que o «negócio eleitoral» entre o PPM e o PSD «não engana ninguém», sendo «a marca de uma forma vergonhosa de fazer política, tentando burlar os eleitores». «As pessoas perceberam que votar no PPM é votar no PSD e que, afinal, isto não passa de uma manobra eleitoral entre os dois partidos», denunciou.

Recorde-se que o PSD, apesar das suas aspirações a ser governo nos Açores, não concorreu na ilha do Corvo, para ir apoiar, de forma encapotada, o candidato do PPM. Isto demonstra claramente a fraqueza do PSD nesta ilha e a ambição do líder do PPM e fundador da Plataforma de Cidadania em entregar o seu apoio a Berta Cabral, à margem do que afirma aos cidadãos.

Aníbal Pires referiu-se ainda à obra de ampliação do Porto da Casa e à ligação ao cabo de fibra óptica, como dois projectos fundamentais para a Ilha do Corvo. «Com mais força que os corvinos nos dêem, a CDU vai lutar pelo desenvolvimento da Ilha do Corvo», afirmou o candidato da CDU.

Uma voz ecologista na Assembleia Legislativa Regional
A alternativa decisiva e necessária

O Partido Ecologista «Os Verdes» apresentou, há dias, na Ilha de Santa Maria, o seu «Manifesto Verde – Uma voz ecologista na Assembleia Legislativa Regional». «“Os Verdes” e a CDU são uma alternativa decisiva e necessária face aos actuais governantes e partidos no poder que, cada vez mais afastados dos valores democráticos, governam para satisfazer os interesses do capital financeiro e não os interesses da população», acusam, no documento, os ecologistas, que reclamam «uma política diferente, focada nas potencialidades do desenvolvimento da região e na possibilidade de permitir uma justa distribuição da riqueza, na preservação dos ecossistemas e do equilíbrio ambiental do qual o homem é elemento central, focando-se no desenvolvimento sustentável de todas as ilhas dos Açores e na resolução dos problemas que afectam os açorianos».

Para a agricultura, por exemplo, «Os Verdes» defendem o «desenvolvimento da agricultura tradicional e biológica», a «soberania e auto-suficiência alimentar em todas as ilhas», a «proibição sem excepções do cultivo de organismos transgénicos» e «acções de promoção e resgate das espécies e estirpes agrícolas tradicionais».

No «Manifesto Verde» constam ainda propostas para a «gestão dos resíduos», para a «natureza e biodiversidade», para os «transportes e energia», para a «área social» e para a «área política». «Continuaremos a empenhar-nos, tal como temos feito até agora, na implementação destas políticas, a ser porta-vozes das populações, dos nossos mares e montanhas, da nossa fauna, dos nossos recursos naturais. Só assim se conseguirá dar resposta às necessidades de desenvolvimento dos Açores sem pôr em causa as necessidades dos nossos filhos, dos nossos netos», asseguram os ecologistas, que pretendem, com os açorianos, «encontrar um novo caminho para a Região, com mais justiça social e melhor qualidade de vida para todos».



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