da luta dos trabalhadores
Do Terreiro do Paço para a greve geral
A CGTP-IN realizou no sábado, 29 de Setembro, a maior jornada de luta dos últimos anos, mobilizando centenas de milhares de pessoas para a manifestação nacional, no Terreiro do Paço. A proposta de uma greve geral suscitou fortes aplausos. Gritando «a luta continua», os manifestantes mostraram que vão empenhar-se em intensificar, ampliar e elevar a luta contra o pacto de agressão e pela ruptura com a política de direita.
No final de cerca de 40 minutos de intervenção, atentamente seguida, através de potente e eficaz amplificação sonora, nos vários quadrantes do Terreiro do Paço, e frequentemente interrompida por vaias, aplausos e palavras de ordem – assim testemunhando compreensão e reacção às suas palavras sobre a situação actual, os responsáveis e as propostas e reivindicações da CGTP-IN –, Arménio Carlos apelou: «É preciso intensificar e ampliar a luta organizada por reais alternativas.»
Hoje, salientou o Secretário-geral da Intersindical, «vivemos um momento crucial da nossa vida colectiva» e «o grande capital e o Governo também o sabem». «Trabalhadores e população, todos somos convocados a engrossar o enorme caudal de protesto e luta que se agiganta» e «não nos rendemos, não lhes vamos dar tréguas, a luta não pode parar: é urgente acabar com este Governo e esta política, antes que este Governo e esta política acabem com o País».
Referiu a marcha contra o desemprego, que vai decorrer entre 5 e13 de Outubro. Reiterou o apelo da CGTP-IN «a todos os trabalhadores, assim como a todas as organizações sindicais, para que reforcem a unidade na acção a partir dos locais de trabalho e contribuam, com a sua luta, para a resposta global e geral contra o memorando da troika e a política de direita, por uma efectiva mudança de política». E foi com vibrantes aplausos, gritando a plenos pulmões «a luta continua», que a multidão respondeu à interpelação de Arménio Carlos, sobre a realização de uma greve geral, que iria ser analisada ontem pelo Conselho Nacional da Inter, numa reunião extraordinária para «discutir a elevação e ampliação da luta organizada».
O dirigente sindical assinalou que «a luta do povo foi determinante para obrigar o Governo a abandonar» as alterações à Taxa Social Única, que visavam aumentar a contribuição dos trabalhadores e reduzir a das empresas. Contudo, advertiu, «o Governo dá um passo atrás para dar dois à frente, desta vez pela alteração dos escalões do IRS, para roubar salários e pensões a todos os trabalhadores, reformados e pensionistas».
Ao contrário do que alguns afirmam, «o memorando e a política de direita são os problemas que impedem as soluções para o País», «o problema não é a crise política», mas sim «a crise económica e social que esta política impõe, instabilizando as nossas vidas e generalizando o sofrimento, as desigualdades e a pobreza». Ou seja, «a política de direita é a causa dos problemas e os seus executantes os responsáveis».
Foram as lutas dos trabalhadores e das populações, lembrou Arménio Carlos, que permitiram «manter, em muitas empresas e serviços, direitos fundamentais, como o pagamento do valor do trabalho extraordinário, tal como consta nos contratos colectivos, garantir a melhoria de salários e impedir a implementação de bancos de horas». «Este é o caminho que temos de prosseguir, para combater o cardápio da troika», que constitui «um banquete para os ricos e poderosos, à custa do rapar do tacho do povo, com Cavaco a chefe, e Passos e Portas como cozinheiros exímios deste festim».
Rejeitando que estejamos perante «um Governo de incompetentes e que o BCE, o FMI e a CE não sabem o que estão a fazer», denunciou «um plano arquitectado de colonização do nosso País, assente no retrocesso económico, social e civilizacional e na reconfiguração do papel do Estado», para que este seja colocado «ao serviço do capital». E retomou as recentes propostas da CGTP-IN, no sentido de taxar os rendimentos do capital.