Construir a alternativa
A derrota do pacto de agressão e a construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, e de um governo que a concretize, são prioridades da luta do PCP.
O PCP está empenhado na construção de convergências
Consiente da necessidade de construir convergências para concretizar estes objectivos, o PCP esteve reunido na semana passada (respectivamente nos dias 11 e 14) com a Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública e com a Fenprof. Jerónimo de Sousa participou em ambos os encontros.
Em declarações à imprensa à saída da reunião com a Frente Comum, o Secretário-geral do PCP reafirmou que os trabalhadores têm «fortes razões para intensificar a luta contra a política de direita imposta pelos partidos do pacto de agressão», realçando ainda que os trabalhadores constituem, para o Governo, um «estorvo» à destruição de uma determinada concepção de Estado, que o Governo tem em marcha. O Governo, frisou Jerónimo de Sousa, «quer outro Estado, um Estado alienado do seu património público empresarial, um Estado alienado das suas obrigações constitucionais em relação aos serviços públicos, um Estado onde a transferência da sua riqueza e das suas funções seja atribuída ao capital».
Já Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, sublinhou a importância da luta para alterar a situação, garantindo que «estamos cá para dar corpo ao descontentamento».
Na reunião com a Fenprof (em que participaram, para além do Secretário-geral Mário Nogueira, os coordenadores de vários sindicatos filiados na federação) estiveram em discussão a defesa da igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares e a denúncia e esclarecimento das verdadeiras intenções do Governo sobre o futuro do sistema educativo em Portugal.
Em declarações à imprensa após o encontro, Jerónimo de Sousa caracterizou a política educativa seguida pelo Governo como um «retrocesso» para algo «muito idêntico ao que se vivia antes do 25 de Abril de 1974 com a elitização do ensino». Para o dirigente comunista, trata-se de um plano de fundo, «que vai para além da questão económica»; antes visa uma outra escola, de concepção ultraliberal, afastando-se da escola pública e do ensino democrático previstos na Constituição da República Portuguesa.
No que respeita à situação dos professores, que não se isola do resto, Jerónimo de Sousa reafirmou que pode estar em curso o «maior despedimento colectivo» da história. Sobre este mesmo assunto, Mário Nogueira considerou que o desemprego dos docentes é «deliberado» e «provocado pelo Governo», constituindo uma «oferta à troika».
O Secretário-geral da Fenprof apelou em seguida à alteração das políticas do Ministério da Educação e à alteração da equipa ministerial, pois «muita da sua acção tem sido mais prejudicial às escolas do que favorável». Acusando o ministro de recorrer à demagogia e à mentira para sustentar as suas opções, Mário Nogueira alertou ainda para as dificuldades que se colocam às famílias, hoje, para fazer face às despesas com material escolar ou propinas.
Nas empresas, nas ruas... e nas instituições
Ao mesmo tempo que, por intermédio dos seus militantes e organizações, nas empresas e nas ruas, o PCP faz a sua parte na mobilização para a grande manifestação do próximo dia 29, no Terreiro do Paço, também na Assembleia da República, ecoou um apelo, pela voz do deputado comunista João Oliveira, dirigido a todos os portugueses atingidos nos seus direitos: «engrossem as fileiras de uma luta sem tréguas contra o pacto de agressão e o Governo que o executa.»
Numa declaração política proferida no dia 12, o deputado comunista lembrou a apresentação pelo PCP, há menos de três meses, de uma moção de censura ao Governo, considerando que hoje é ainda mais clara a justeza da sua apresentação. Libertar o País da «política do pacto de agressão da troika, que rouba quem trabalha, semeia o desespero e afunda o nosso futuro colectivo a cada dia que passa» é cada vez mais uma questão essencial. Sobretudo quando se multiplicam os elementos que confirmam com clareza que o «único e verdadeiro objectivo do pacto de agressão é satisfazer os interesses do capital, agravando a exploração de quem trabalha e empobrecendo de forma generalizada os portugueses».
Tal como foi confirmado no debate da moção de censura, lembrou João Oliveira, a «censura ao Governo está nas ruas e deve mobilizar forças e vontades para a derrota do pacto de agressão e para a construção de uma política alternativa», que assuma como prioridade imediata a renegociação da dívida em condições que permitam uma política económica de aumento da produção nacional, de promoção do emprego com direitos e de aumento do investimento; uma política alternativa que garanta uma justa distribuição da riqueza, que promova o emprego com direitos e a justiça social.