Manter pública a <i>RTP</i>
Os trabalhadores da RTP repudiaram prontamente o plano pré-anunciado pelo Governo, posição essencial para uma ampla convergência em defesa do serviço público e contra a alienação da empresa ou de canais.
A privatização pode e deve ser derrotada
Várias centenas de trabalhadores participaram nos plenários que tiveram lugar a 29 de Agosto, na sede e nas delegações no Porto, Coimbra, Faro, Ponta Delgada e Funchal.
Em Lisboa, a reunião, convocada pela Comissão de Trabalhadores, teve que realizar-se ao ar livre, nas instalações da Avenida Marechal Gomes da Costa, e contou com a participação de representantes dos sindicatos.
Foram aprovadas duas moções, rejeitando a privatização, total ou parcial, bem como a extinção de quaisquer serviços de rádio ou televisão, e repudiando a «estratégia pré-anunciada pelo Governo, através do consultor António Borges»; decidindo a criação de uma «comissão de luta»; solicitar audiências aos partidos políticos e apelar ao Presidente da República para que rejeite qualquer modelo que ponha em causa a RTP e os Serviços Públicos de Rádio e de Televisão, violando a Constituição; apelar a que os conselhos de redacção discutam o propósito, já aceite pela empresa, de extinguir um canal em sinal aberto, e procurem persuadir as direcções de informação de que tal significaria um grave erro; exigir que sejam respeitados os direitos de audição e participação da CT; desencadear todas as formas de luta necessárias para defender os postos de trabalho, a RTP e os serviços públicos de rádio e de televisão.
Arménio Carlos, que interveio no plenário em nome da CGTP-IN, declarou aos jornalistas que a central tudo fará «para combater qualquer tipo de privatização de empresas estratégicas». O Secretário-geral da Intersindical admitiu que, tal como no caso do BPN, vê-se aqui «um cenário de um previsível segundo negócio de amigos».
É possível
A privatização da RTP «é uma decisão contrária à Constituição da República, aos interesses do povo e do País», que é «inseparável da concretização do pacto de agressão que está em curso, onde as privatizações se inserem», e representa «um ataque frontal ao serviço público de rádio e televisão, ao direito a uma informação livre e pluralista, à língua e à cultura portuguesas, aos trabalhadores da RTP, à democracia e à soberania nacional», afirma Jerónimo de Sousa.
Numa mensagem que enviou aos dinamizadores do manifesto «Em defesa do serviço público de rádio e televisão» (um dos quais é o realizador António Pedro Vasconcelos, que também esteve presente no plenário de trabalhadores, em Lisboa), o Secretário-geral do PCP realça que se trata também de «uma decisão que, à semelhança do que aconteceu noutros momentos, pode e deve ser derrotada», para o que «a convergência de esforços dos trabalhadores da RTP, dos democratas e patriotas, dos homens e mulheres da cultura, na defesa desta empresa e do serviço público de rádio e televisão, é necessária e imprescindível».
Jerónimo de Sousa integrou uma delegação do Partido que, na sexta-feira, reuniu com a Comissão de Trabalhadores da RTP, a quem reafirmou a solidariedade do PCP com todos os trabalhadores da empresa. Empenhado na defesa dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores, bem como na intransigente defesa do serviço público de televisão e rádio, o Partido sublinhou que este não pode existir sem propriedade pública.