Faleceu Ulpiano Nascimento

Faleceu sexta-feira passada, 31 de Agosto, em sua casa, aos 97 anos, Ulpiano Nascimento, da Associação Intervenção Democrática (ID) e director da histórica e prestigiada revista Seara Nova. O funeral realizou-se no domingo, 2 de Setembro, para o Cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde o corpo foi cremado.

Em mensagem dirigida à Direcção da ID, o Secretariado do Comité Central do PCP manifesta o seu «sentido pesar» pelo falecimento de Ulpiano Nascimento, lembrando-o como «destacado democrata e combatente antifascista, homem de cultura, com quem tivemos oportunidade de travar muitas e importantes batalhas pelo País mais justo e solidário pelo qual sempre lutou».

Também a CGTP-IN em nota à imprensa refere ter apresentado as suas condolências ao conselho redactorial da Seara Nova, a todos os «Seareiros» e à família de Ulpiano Nascimento, sublinhando o facto de ele ter sido «um amigo e companheiro de luta contra o fascismo e da construção da democracia portuguesa». Recordada é ainda a sua luta pela «afirmação dos direitos da classe trabalhadora que ele também representou, enquanto dirigente sindical, de 1950 a 1959, no Sindicato Nacional dos Comercialistas».

No texto onde presta homenagem à memória de Ulpiano Nascimento – «antifascista insigne, lutador pela liberdade e pela democracia», enfatiza –, a CGTP-IN reitera o compromisso de prosseguir a «luta pelo trabalho com direitos» e por um «Portugal desenvolvido e soberano».

Ulpiano Nascimento, ainda estudante, quer no Instituto Comercial de Lisboa quer depois no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, onde viria a licenciar-se em economia, cedo se sentiu atraído por «ideias progressistas» e «contrárias à política oficial». E é nesse período que ganha consciência, revelou em entrevista concedida à Vértice, em 1990, da acção castradora do regime fascista conduzido por Salazar, a quem responsabiliza «por tudo o que aconteceu nesse odioso período», nomeadamente pela «estagnação económica» que se «projectou implacavelmente até aos nossos dias, nas injustiças, na incultura, nas assimetrias regionais, nos níveis de vida de subsistência, em que os trabalhadores para fugir à pobreza e ao medo acabavam por emigrar em massa».

Ligado à Comissão dos Economistas do MUD e à candidatura do General Norton de Matos teve ainda uma colaboração activa na Revista de Economia, fundada em 1948 pelo Professor Bento de Jesus Caraça.

Preso em 1959, liberto em finais de 1960, inicia em 1961 uma colaboração com a Seara Nova, motivado, confessa naquela entrevista à Vértice, pela necessidade de «desmentir a propaganda do “Estado Novo” e denunciar a política anti-social da ditadura».

Exila-se em 1962, aceitando o convite para integrar uma equipa de técnicos coordenada pela Comissão Económica para a América Latina (CEPAL), vindo mais tarde a trabalhar na FAO, organismo das Nações Unidas onde permaneceu até ao 25 de Abril, altura em que regressa a Portugal.

Depois de ter sido director-geral da Direcção-Geral do Planeamento e Fomento das Pescas, ocupou a secretaria de Estado das Pescas no V Governo Provisório dirigido pelo General Vasco Gonçalves. Exercia o cargo de director da Seara Nova desde 1978.

 



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