Mais 110 postos de trabalho em risco
O encerramento ilegal da Finex Tech desde meados deste mês, quando ainda decorre o processo de lay-off dos seus cerca de 110 trabalhadores, é uma manobra da administração da empresa para não cumprir as regras legais de um despedimento colectivo e deslocalizar a produção para outro país.
Empresa foge às regras legais
Esse é o cenário admitido como mais provável depois de os trabalhadores desta empresa de origem finlandesa e sediada em Portugal há mais de 40 anos encontrarem as portas encerradas no seu regresso de férias no passado dia 16 de Agosto.
Situação que os apanhou de surpresa, uma vez que no início de férias, a 13 de Julho, fora-lhes comunicada pela gerência a intenção de dar início a um processo de insolvência, mas que deveriam apresentar-se na empresa findo aquele período de descanso. Ora o processo de insolvência não foi declarado pelo tribunal, pelo que é ilegal o encerramento da empresa. A que acresce o facto de esta se encontrar sob o referido processo de lay-off, que só termina no próximo dia 19 de Setembro.
Adivinha-se assim mais um desfecho lamentável para uma empresa cujo grupo – L-Fashiom Group Oy – já empregou na Maia mais de 1500 trabalhadores, número esse gradualmente reduzido ao longo dos anos por processos de despedimento.
Defender os direitos
Preocupado com toda esta situação está também o deputado comunista Jorge Machado, não só pelos graves impactes sociais e económicos decorrentes do eventual encerramento da empresa como também pelos dinheiros públicos que nela foram investidos. Daí que, do seu ponto de vista, o Governo não possa eximir-se à utilização dos mecanismos de que dispõe com vista a garantir o cumprimento da Lei e o respeito pelos direitos dos trabalhadores.
E por isso já o interpelou no sentido de esclarecer qual o montante de financiamentos públicos recebidos pela Finex Tech, incluindo fundos comunitários e da Segurança Social, respectivas datas, critérios e objectivos.
Jorge Machado na pergunta que dirigiu ao Governo indaga, por outro lado, sobre as medidas que tanto este como a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) pensam tomar com vista a repor a legalidade na empresa, nomeadamente no que toca ao seu encerramento ilegal ser coincidente com o decurso do lay-off.
Saber se houve ou não contactos de entidades nacionais com a administração da Finex Tech e com as autoridades finlandesas, com vista a apurar a real situação e a salvaguardar os interesses e direitos dos trabalhadores, é outra das questões colocadas pelo deputado do PCP nesta sua diligência junto do Governo.
Adelaide Aguiar, há 27 anos na empresa, e delegada sindical, deu entretanto a conhecer a intenção dos trabalhadores de continuarem a apresentar-se ao trabalho, e informou, em declarações à Lusa, terem já sido pedidas reuniões quer à Câmara Municipal da Maia quer às entidades diplomáticas da Finlândia.
Também o Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio de Vestuário e de Artigos Têxteis (SINPICVT), em comunicado, afirmou não aceitar este processo e que «tudo fará» para o «inviabilizar», tendo em conta que a administração da Finex Tech «apenas está a procurar fugir às regras legais do despedimento colectivo para não pagar indemnizações por antiguidade aos seus trabalhadores».