PS – o aniversário e a cassete

Carlos Gonçalves

Anda o PS em festas e arremedos a comemorar um ano da direcção de A.J. Seguro à frente dos respectivos desígnios. Mas não parece que haja grande coisa a celebrar, nem melhorias na situação, nem propostas inovadoras, nem mais apoio político-eleitoral, nem mudanças na sua política de direita. Provavelmente o PS festeja apenas a sua auto-estima, uma espécie de outro lado do espelho do almoço de aniversário do Governo PSD/CDS, mais o velho truque de, com a «nova imagem», tentar esconder dezenas de anos da política de direita que conduziu o País a esta situação e ganhar distância deste executivo, de serviço ao pacto de agressão, roubalheira e declínio nacional, de que o PS é coautor e que continua a apoiar.

Este é apenas um novo episódio da operação de branqueamento do PS, com alguma dramatização, mas idêntico aos de Março e Maio deste ano, numa leitura prudente do que alguns estudos consideram a «memória mediática mínima», 21 dias para o ciclo de desabituação e esquecimento e de receptividade renovada à repetição da mensagem – a famigerada «cassete», que afinal se revela não um elemento da coerência do PCP, mas uma treta da propaganda enganosa do PS.

Esta operação de branqueamento do PS está conforme aos manuais de marketing político e não passa da encenação da retórica parlamentar e da radicalização da guerra verbal com o Governo, com que agora se anuncia a «ruptura total», quando antes se falou de «ir para a rua à frente de qualquer manifestação» contra o «caminho ultraliberal» do «pior governo de sempre».

O PS não rompe com o grande capital nem com o pacto de agressão, apenas faz de conta. Esteve e estará a apoiar, ou a mistificar o apoio com uma abstenção «violenta», em todos os momentos decisivos deste saque brutal ao País, aos trabalhadores e ao povo. O PS diz-se contra a «austeridade excessiva», mas propõe a sua continuação às colheres e «pelo menos mais um ano».

Os conselhos de P. Portas, os elogios de L. F. Menezes, as aproximações de P. Coelho e as promessa de «credibilidade» e «responsabilidade» de A.J. Seguro são música celestial para os «mercados» – se for preciso o PS avança «em 2015» para continuar a mesma política.

Veremos. Por uma alternativa patriótica e de esquerda, continuamos a luta.



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