Alterna quê?

João Frazão

Como co­gu­melos, surgem por aí ini­ci­a­tivas com o anun­ciado pro­pó­sito de juntar forças, de pro­jectar al­ter­na­tivas.

Se­mi­ná­rios, con­gressos, ma­ni­festos, abaixo-as­si­nados, al­moços e jan­tares, pe­ti­ções, ses­sões – são al­guns dos es­paços em que se en­contra os cos­tu­meiros in­ter­ve­ni­entes que apro­veitam tudo para se pôr em bicos de pé, apos­tados em car­rear para pro­jectos pes­soais a no­to­ri­e­dade que estes eventos pro­por­ci­onam; ou­tros, de ob­jec­tivos in­con­fes­sados, a pensar em pro­jectos fu­turos po­lí­ticos e par­ti­dá­rios. Mas também muita gente séria, ge­nui­na­mente em­pe­nhada em com­bater o rumo de des­graça im­posto ao País, ho­nes­ta­mente es­pe­ran­çada na con­ver­gência das forças de­mo­crá­ticas para ga­rantir uma al­ter­na­tiva para um Por­tugal com fu­turo.

Sendo esta uma si­tu­ação dos li­vros im­porta si­tuar quatro ques­tões.

A al­ter­na­tiva, ne­ces­sária e ina­diável, cons­trói-se a partir da rup­tura com a po­lí­tica de di­reita dos úl­timos 36 anos, de que o pacto de agressão é uma brutal ex­tensão.

O que sig­ni­fica (se­gundo as­pecto) que tentar cons­truir al­ter­na­tivas bran­que­ando res­pon­sa­bi­li­dades pró­prias ou alheias não é bom ca­minho. Não se pode partir do zero, sob pena de se poder in­sistir, com esta ou aquela nu­ance, no rumo que con­duziu à si­tu­ação ac­tual.

O ter­ceiro as­pecto é lem­brar que a cons­trução da al­ter­na­tiva é um pro­cesso que conta em pri­meiro lugar com a luta de massas, com a par­ti­ci­pação dos tra­ba­lha­dores e do povo, com a sua mo­bi­li­zação e von­tade e que será essa que de­ter­mi­nará o seu de­sen­vol­vi­mento. Pensar que se pode cons­truir o que quer que seja apenas pela soma arit­mé­tica de al­guns in­te­resses, ou em ca­sa­mentos de con­ve­ni­ência, jul­gando que, sendo a boda bo­nita e muito pu­bli­ci­tada, as massas virão atrás, é ter destas uma visão ins­tru­mental er­rada.

O quarto as­pecto é que já em ou­tros mo­mentos as­sis­timos a mo­vi­men­ta­ções em que o pre­texto da uni­dade e da cons­trução de algo sempre maior es­conde o real e sec­tário ob­jec­tivo de pro­curar im­pedir o alar­ga­mento do pres­tígio e da in­fluência do Par­tido que sempre, pela sua in­ter­venção, pelo res­peito pelas di­nâ­micas do mo­vi­mento po­pular de massas, e pela sua po­lí­tica de uni­dade, é o mais in­can­sável cons­trutor da al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda.



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