SIED, perversidade e «golpe do baú»

Carlos Gonçalves

Os elementos factuais sobre o SIED que agora se somam ao rol de perversidades do Sistema de Informações (SIRP) e que decorrem do seu funcionamento, tornam de tal forma incontornável a evidência, há muito avançada pelo PCP, de que o respectivo modelo está em conflito com o regime democrático, na concepção, doutrina, estrutura, funcionamento, acção, selecção de quadros e controlo e fiscalização, que alguns barões da política de direita ensaiam um distanciamento circunstancial, às vezes contundente, procurando o bode expiatório, ou o factor de diversão, que permita aplicar a regra do Príncipe Falconeri n'O Leopardo de Giuseppe Lampedusa, «tudo deve mudar para que tudo fique na mesma».

J. Silva Carvalho e os seus «irmãos», não são um gang infiltrado, como se tenta fazer crer; são a elite do SIRP, formada pela coligação PS/PSD/CDS nestes trinta anos, na doutrina da «competitividade» e da exclusão anticomunista. Chegaram ao topo pela mão do PS, com qualificações, conexões e folhas de serviço como as que os indiciam por abuso de funções para actividade criminosa, em benefício pessoal ou de amigos, interesses económicos e maçonarias, governantes e forças políticas do «arco do poder», por escutas, controlo de comunicações e tráfico de informações, tal como poderia ser, por hipótese, por cumplicidade na ocultação dos sequestros da CIA, de passagem pelo País.

J. Silva Carvalho descasou-se do PS/Sócrates na antevéspera da morte anunciada do seu governo, para dar o «golpe do baú» e preparar com o PSD e o seu amigo (não interactivo) M. Relvas a fusão SIS/SIED e o assalto ao SIRP. Adivinha-se o que ganhariam – são óbvias as ambições e o projecto reaccionário de fazer caminho para um SIRP ainda mais concentrado e com escutas legalizadas.

Na guerra com a Ongoing, os interesses da Impresa prevaleceram e a golpaça falhou. A Justiça pronunciou-se e há arguidos por crimes, que são também do SIRP. Agora anuncia-se a dança das cadeiras da hierarquia, para que no projecto reaccionário para os Serviços de Informações «tudo fique na mesma». Por isso, importa julgar o crime e impedir que o SIRP se transforme num instrumento de mais degradação do regime democrático.



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