O PS em cima do muro

João Frazão

«A Assembleia da República resolve... recomendar ao Governo que advogue e proponha junto dos signatários do Tratado e no quadro da União Europeia a adopção de medidas e a negociação de um Protocolo Adicional ou de um Tratado Complementar ao Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária». É com este palavreado profuso que, uma vez mais, o PS revela a sua criatividade.

Preso, por opção e vontade própria, ao compromisso que tem com o pacto de agressão que subscreveu, de cada vez que há questões de fundo junta o gabinete de crise para decidir, não o que fazer, (porque isso está decidido) mas como fazer.

Vejamos o caso em concreto.

Os «lideres europeus» acertaram mais um pacto, a que alguns chamam de Pacto Orçamental, onde os pequenos países da Europa civilizada aceitam alienar mais uma parcela (e que parcela!) da soberania nacional, e, no caso de Portugal, atropelar mesmo a Constituição Portuguesa, inscrevendo em lei limites ao défice orçamental, e dando o direito a entidades externas a sancionar o nosso País, chegando mesmo a perder o direito de voto na UE, no caso de uma política de desenvolvimento exigir opções diferentes dessas. De uma penada, os «líderes europeus» condenam os países mais pobres ao retrocesso civilizacional e económico, ao desemprego e ao atraso, aprofundando o fosso cada vez mais evidente na Europa a várias velocidades.

O PS, percebendo que a coisa era tão óbvia, mas amarrado –

E os trabalhadores, o povo e o País a sofrerem com mais esta posição desassombrada do PS que se soma às abstenções violentas no Orçamento do Estado, nas alterações à legislação do trabalho, no Orçamento Rectificativo.

E ainda há quem diga que o PS está em cima do muro!



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